A saída do ex-secretário de Educação, Marcius Beltrão, do primeiro escalão do governo de Paulo Dantas (MDB) não desfaz – como o próprio Beltrão colocou, em entrevista ao jornalista Voney Malta, aqui no CadaMinuto – sua aliança política com o chefe do Executivo estadual. Porém, necessariamente isso não significa que segue aliado ao senador Renan Calheiros (MDB). 

É de se compreender que para Beltrão a disputa vindoura pela Prefeitura de Penedo é muito mais importante. Isto, por si só, cria um contexto interessante: um apoiador de Dantas que passa a enxergar o governador de Alagoas como alguém de identidade própria, que não necessariamente seja uma extensão dos Calheiros no comando do Estado.

Em Penedo, Marcius Beltrão é o principal nome de um grupo político paroquial. Logo, ele mesmo pode ser o candidato a prefeito, como deixa a entender na conversa que teve com Malta, quando antecipou sua saída da pasta da Educação. Por lá, o candidato do MDB é o atual prefeito Ronaldo Lopes. 

Beltrão se diz aliado de Dantas, mas – lá na frente – Dantas se dirá aliado de Beltrão ou do nome que se grupo escolher? Afinal, na eleição municipal vindoura, Paulo Dantas estará no comando do Executivo, com a máquina pública na mão. Nas disputas paroquiais, esse é um fator que faz muita diferença.

Na entrevista a Voney Malta, Marcius Beltrão já mandou o recado quanto a votar ou não em Renan Calheiros para o Senado Federal em eleição futura: “Tá cedo ainda. Tudo depende de como vai ser. Será que Renan vai nos apoiar em 2024?”. 

Outro ponto que vale ser lembrado: a saída “a pedido” de Marcius Beltrão da pasta da Educação – que lhe dava bastante visibilidade política – tem o dedo do “onipresente” senador Renan Calheiros, ainda que o governo seja de Paulo Dantas... é aquela eterna zona de amálgama do governo emedebista, em que várias mãos circulam com suas influências...

Por enquanto, Marcius Beltrão conseguiu emplacar Alice Beltrão na Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Sedics).