A Justiça alagoana realizou a primeira audiência de instrução sobre a morte do empresário arapiraquenses Marcelo Barbosa Leite, que foi atingido com um tiro de fuzil durante uma abordagem policial, em novembro de 2022, em Arapiraca.
Testemunhas e familiares do empresário foram ouvidos nesta quarta-feira (26) e uma nova audiência será marcada, para dar continuação às oitivas de testemunhos e realização dos interrogatório dos quatro policiais militares que são réus no processo.
Segundo a defesa da família de Marcelo, composta pelos advogados Leonardo de Moraes e Karolyne Santa Rita, entre os crimes cometidos pelos militares estão: homicídio, denunciação caluniosa, pela implantação de arma de fogo, e fraude processual, por mudança intencional da cena do crime.
Vestindo camisetas com a foto de Marcelo, familiares acompanharam a audiência e pediram justiça na porta do fórum. O processo tramita em segredo de justiça, e eles não podem assistir os depoimentos na sala de audiências.
O caso
O caso
O empresário Marcelo Barbosa Leite, atingido por um tiro de fuzil durante uma abordagem do 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM), faleceu em um hospital de São Paulo, no dia 05 de dezembro.
Inicialmente, ele foi levado para o Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca, e logo depois para a Santa Casa de Misericórdia, em Maceió. Depois de ter um choque séptico e outras complicações no dia 26 de novembro, Marcelo foi transferido para o Hospital Beneficência Portuguesa do Mirante, na capital paulista, onde estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Marcelo tinha 31 anos e foi atingido pelo projétil, que transfixou o porta-malas e os bancos do carro, acertando suas costas. Ele perdeu um rim, o baço e parte do intestino.
No Auto de Prisão encaminhado à 8ª Promotoria de Justiça de Arapiraca, os policiais envolvidos na ocorrência relataram que o empresário teria reagido à abordagem, mas a família contestou a versão.
Conforme o Auto de Prisão, Marcelo trafegava em seu veículo, na rodovia, quando ultrapassou uma viatura da Polícia Militar saltando um quebra-molas. Os policiais militares então iniciaram perseguição ao veículo, que empreendeu fuga.
Ainda segundo relato dos militares, durante a perseguição, o acusado sacou uma arma de fogo, apontando em direção a eles, que reagiram disparando contra Marcelo, atingindo-o. No veículo foi apreendido um revólver calibre 38 com numeração raspada.
A família do empresário contestou a versão dos militares e afirmou que Marcelo não possuía arma de fogo. Após a reprodução simulada da abordagem, a Polícia Cientifica constatou que a arma foi implantada dentro do veículo do empresário.