Enquanto os nomes ligados ao governo de Paulo Dantas (MDB) que são ventilados como possíveis de disputar a Prefeitura de Maceió, nas eleições do próximo ano, buscam declarações mais cautelosas diante do holofotes da imprensa, o presidente do Solidariedade em Alagoas, Adeílson Bezerra, defende abertamente uma estratégia para o bloco da oposição à Prefeitura de Maceió: abrir várias frentes de candidaturas para confrontar o prefeito da capital alagoana, João Henrique Caldas, o JHC (PL).

Em entrevista ao podcast Canhão, comandado pelo jornalista Wyderlan Araújo, Bezerra frisa que os partidos que compõem a base política do governador Paulo Dantas – incluindo o MDB do próprio chefe do Executivo estadual, obviamente – deveriam “pulverizar” as candidaturas como forma de “desgastar JHC” no debate.

“Cada partido que está na base do Paulo Dantas e do Renan deveria lançar um candidato, para ir ao debate, desgastar o JHC nos debates”, colocou. 

Em tese, isso soaria como um laranjal a ser criado pelo Palácio República dos Palmares, já que – em tese – esses candidatos palacianos não brigariam entre si, mas teriam, como missão, um único alvo: o prefeito em busca da reeleição, tendo – por compromisso político – um comando central, que estaria lá no Centro de Maceió, próximo dos Martírios.

Mas, Adeílson Bezerra já antecipa a defesa dessa possível acusação: “sem esse negócio de ‘laranja’. Cada partido lança a sua força”. 

O dirigente partidário avalia que se houver uma união de forças em torno de uma única candidatura para enfrentar o JHC, a vantagem ficaria com o prefeito. As últimas pesquisas de intenção de votos realizadas em Maceió confirmam essa vantagem do chefe do Executivo municipal. Quem mais ameaçava JHC – conforme as pesquisas – eram nomes que hoje compuseram com a Prefeitura, como foi o caso do deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil).

Mas, o líder do Solidariedade segue na entrevista. “Eu defendo a pulverização sem laranjismo”, diz Bezerra. Para ele, é importante as legendas – como o Solidariedade – elegerem vereadores que já estejam compromissados em serem candidatos a deputado federal já no pleito subsequente. “Eu quero fazer uma bancada boa de vereadores que tenham compromisso com o partido de serem candidatos a deputado federal”, coloca o dirigente.

Para quem não lembra, Adeílson Bezerra foi – em um passado recente – o estrategista do PRTB. Na época, a legenda tinha uma função cartorial que aglutinava nomes em virtude apenas do potencial eleitoral destes, para que, pelo puro cálculo matemático, ocupasse cadeiras na Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados etc. 

Assim, o PRTB era uma opção nanica para disputas internas entre iguais que sempre alcançou o resultado pretendido, tendo alguns cabeças de chapa e uma lista de “bucha-de-canhão”. 

Caso a “teoria adeilsiana” seja posta em prática, a base de Paulo Dantas possui o MDB, o PSB, o PSD,  o PDT e outras siglas, nas quais – atualmente – figuram nomes como os do deputado federal Rafael Brito (MDB), da deputada estadual Cibele Moura (MDB), do secretário estadual de Infraestrutura, Rui Palmeira (PSD) e até mesmo o nome do vice-governador Ronaldo Lessa (PDT), dentre outros. 

Em resumo, Adeílson Bezerra defende que a turma se separe estratégicamente, mas sem fogo-amigo, pois as miras do sinpers estariam em uma única cabeça. Evidentemente, na teoria adeilsiana, as balas jamais sairiam de dentro de uma plantação de laranja, por mais pulverizada que ela seja. Ah, tá…entendi…

A teoria de Bezerra faz sentido? Claro! E no mais, cada eleição tem sua história e há muita água para passar por baixo dessa ponte. Mas, JHC é favorito e o MDB sabe disso, tanto que a teoria adeilsiana leva isso em conta. Todavia, é diferente daquela eleição dantesca (o uso desse adjetivo pode ser mera coincidência!) na qual os emedebistas fabricaram um candidato e contaram com rivais desastrosos que chegavam a se esforçar para perderem de si mesmos. Não faz muito tempo assim…