Muitos dos embates, de linhas e entrelinhas, travados entre o governador Paulo Dantas (MDB) e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL), são ridículos. Questões, muitas vezes sérias acabam tendo como motivação as picuinhas do que há de menor na política, aliás: “politicagem”, que é a busca por “quem faz mais”. 

Assim, se um anuncia aumento de servidores aqui, o outro lá não pode ficar para trás e busca uma solução a qualquer custo. Eis só um exemplo, mas nessa toada é o que vai se sucedendo com discursos cheios de alfinetadas de lado a lado, em alguns momentos. 

Eis que agora vemos – mais uma vez – essas motivações menores adentrarem uma discussão que deveria ser tão séria quanto técnica. Ou seja: pautada pela real situação e as ações necessárias para resolver um problema. Falo, evidentemente, dos danos causados pelas chuvas em Maceió.

É fato que o prefeito JHC lida com questões históricas da cidade que, a cada quadra chuvosa, volta a apresentar um grande número de desalojados e desabrigados, além de alagamentos e outros potenciais riscos. É incrível como entra e sai gestão e muitos desses problemas persistem, que possuem raízes no histórico do déficit habitacional, no desprezo pelas áreas de risco etc. Todavia, mesmo as questões sendo históricas, é válido lembrar que a gestão de JHC se encontra em seu terceiro ano. Sempre bom lembrar!

A realidade se impõe e, mais uma vez, o Executivo municipal tem de lidar com as tragédias das chuvas. Se há condições da Prefeitura de Maceió agir sozinha ou não, se há uma necessidade de buscar recursos por meio de decreto emergencial ou não, eis aí uma discussão técnica. O prefeito – em declaração ao blog do jornalista Ricardo Mota, aqui no CadaMinuto – afirma que um decreto de emergência não é necessário.

JHC coloca isso diante do fato de Paulo Dantas – seu adversário político – querer tomar a dianteira e decretar emergência na capital alagoana sem qualquer tipo de diálogo com o prefeito de Maceió. Ora, é óbvio que Dantas tem as motivações políticas nessa ação, assim como a negativa do prefeito também tem. Parecem dois meninos de calças curtas.

É válido lembrar que, para além das divergências políticas, esses dois personagens locais deveriam aprender a importância do diálogo institucional, pois os cargos que ocupam são maiores que eles. 

Que estes dois aprendam a sentar e conversar como gente civilizada. Assim, por meio dos dados técnicos da situação, possam avaliar o quadro dos danos, com a Prefeitura informando toda a estrutura que possui e o Estado informando como pode ajudar, e traçar ações conjuntas em benefício de quem realmente sofre nesse momento.

Com tais dados, é possível se entender a situação e saber quais recursos reais se tem nas mãos. É isso, e apenas isso, que evidencia a necessidade ou não de um decreto e não o desejo de protagonismo de quem quer que seja por conta de presentes, passadas e futuras disputas paroquiais.