A suspeita de morte de uma enfermeira em Alagoas revelou uma descoberta importante e preocupante pelo setor de toxicologia do Instituto de Criminalística da Polícia Científica de Alagoas. Acredita-se que o falecimento da profissional de saúde tenha sido resultado do contato com uma substância química utilizada na agropecuária.
Segundo registros da Polícia Científica, o corpo da enfermeira de 33 anos foi levado ao IML de Maceió em abril deste ano, após o óbito no Hospital Geral do Estado, com suspeita de envenenamento. Durante o exame cadavérico, o médico legista Kleber Santana coletou amostras biológicas da enfermeira e as enviou para análise no setor de toxicologia do Instituto de Criminalística.
O perito criminal Thalmanny Fernandes Goulart, responsável pelo laudo pericial, explicou que recebeu uma quantidade do conteúdo estomacal da vítima para realizar o exame toxicológico. Após a análise, constatou-se a presença da substância terbufós, um tipo de organofosforado, no líquido biológico examinado.
"Esse tipo de substância química é capaz de inibir uma importante enzima responsável pelo equilíbrio na transmissão dos impulsos nervosos. Quando a substância começa a agir no corpo, interfere na troca gasosa, e o indivíduo que tem contato com essa substância pode vir a óbito por parada respiratória", explicou o perito.
Goulart também esclareceu que esse tipo de organofosforado é facilmente absorvido pelo organismo humano quando ingerido. Após a absorção, a substância se espalha rapidamente pelo corpo. Ele ressaltou que esse tipo de organofosforado pode ser encontrado em diversos produtos agrotóxicos utilizados no combate a doenças e pragas em plantações agrícolas.
Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz revelam que os derivados dessa substância são responsáveis pela maioria das intoxicações no país. Além disso, também estão associados a um alto número de óbitos no Brasil devido à toxicidade aguda.
O setor de toxicologia já enviou os resultados das análises ao IML de Maceió, que deverá concluir o laudo pericial do exame cadavérico. Em seguida, os laudos serão encaminhados à delegacia distrital responsável por investigar como ocorreu o contato da enfermeira com a substância terbufós.
*com Assessoria