Construir o Podemos em AL será um desafio para Rodrigo Cunha

15/06/2023 12:03 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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O senador Rodrigo Cunha sofreu um grande baque nas eleições estaduais passadas. Cunha deixou o PSDB e foi ao União Brasil dentro de um acordo com o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas), para construir uma candidatura ao governo do Estado de Alagoas, que acabou sendo derrotada pelo atual governador Paulo Dantas (MDB).

 

Porém, para além da derrota eleitoral, Rodrigo Cunha saiu das eleições sem o comando de uma legenda, já que não assumiu a presidência do União Brasil (o partido continuou nas mãos de um aliado de Arthur Lira, Luciano Cavalcante). 

 

Ainda que Cunha tenha deixado a sigla sem “comprar briga”, era notória a insatisfação com a ausência de comando, que é algo essencial para quem quer construir sua reeleição ao Senado Federal. 

 

Desde o fim do pleito passado, portanto, Cunha e Lira – apesar de estarem na oposição ao governador Paulo Dantas e ao MDB – iniciaram um natural distanciamento, em que pese estarem na base de sustentação do atual prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL). 

 

Só restou a Cunha buscar um partido para chamar de seu e, retornando ao marco zero, redefinir-se e buscar a construção de um grupo político que guarde independência em relação aos ex-aliados. Sem isso, Rodrigo Cunha não estaria livre para construir os próprios destinos. 

 

O senador neo-Podemos – portanto – amarga as consequências de escolhas erradas que o levaram a sair de um processo eleitoral menor do que quando entrou.

 

O caminho escolhido por Rodrigo Cunha foi o Podemos. Ele assume a direção estadual e, consequentemente, o desafio de tornar a sigla competitiva no Estado, ao ponto de oferecer possibilidades de candidaturas a deputado federal em eleições futuras. Por conta do fundo partidário, é a eleição de deputados federais que mais interessam a todas agremiações. 

 

Cunha promete fortalecer a legenda. Todavia, esse trabalho tende a ser, ao menos no início, hercúleo, já que a presença de Rodrigo Cunha tende a esvaziar o partido. Em Maceió, por exemplo, os dois vereadores que hoje se encontram no Podemos são da base aliada do governador Paulo Dantas. São eles, o edil Zé Márcio – que se encontra no exercício da função – e Kelmann Vieira, que está licenciado por ser secretário estadual de Prevenção à Violência. 

 

Cunha entra no Podemos como quem entra no “bloco do eu sozinho”. 

 

Caso não tenha a capacidade de aglutinar, de se mostrar líder e de reunir nomes competitivos para as eleições municipais, poderá não entregar ao Podemos aquilo que prometeu. O reflexo num futuro de médio prazo é o senador alagoano ter só a si mesmo e o seu staff para se candidato majoritário em uma eleição estadual, já que o bloco de JHC – diante da aliança com Arthur Lira – pode não abrir espaço em uma chapa, uma vez que o próprio Lira cogita disputar o Senado Federal. 

 

Cunha tem buscado protagonismo no papel de opositor, com discursos com substância e críticas embasadas, é verdade. Mas dentro do jogo político, nem sempre é o suficiente.

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