O artista plástico Renan Padilha com uma trajetória bastante positiva no cenário das artes plasticas de Alagoas e sobretudo de Arapiraca terá sua trajetória de vida artística destacada no livro de autoria do jornalista, escritor e historiador Roberto Gonçalves Arapiraca centenária que será lançado no próximo ano, quando a terra de Manoel André completa o seu primeiro Centenário de Emancipação política e social. 

Renan Padilha – o artista plástico alquimista das cores 

“Gosto de garimpar. A arte vem desde a minha adolescência. Gosto também de colecionar, colecionava antiguidades e depois passei para a arte popular”

Nascido no município de Viçosa (AL) no ano de 1950, Renan Padilha, logo se mudou com a família para a histórica e cultural cidade de Penedo (AL). Já envolvido com o desenho e admirador da arte de forma espontânea, ao crescer na cidade ribeirinha, logo se viu como apreciador e aprendiz do mestre Antônio Pedro, já falecido e que na época transformou a cidade em referência na criação de imagens sacras, através dos chamados santeiros, que até hoje mantêm a tradição. Mas o caminho do artista plástico se voltava mais para a pintura do que propriamente à escultura.

“A cidade de Penedo é muito bonita e me serviu de cenário e inspiração para meu trabalho. Eu via uma plasticidade muito grande e transferi para a minha pintura”, rememora. E essa “raiz cultural” ligada ao estilo barroco, à arte naïf, passou a ser retratada nos primeiros quadros do artista, com seus casarios coloridos, igrejas, procissões católicas e santos como São Francisco bem representados ao estilo que Renan Padilha incorporou e que permanece como único no cenário artístico alagoano.

Mas foi a mudança para a cidade de Arapiraca, aos 19 anos de idade, que se transformou no maior passo para o desenvolvimento da carreira do artista plástico. Por influência do escultor, professor e historiador Zezito Guedes, decidiu apostar em seu potencial artístico e, como desbravador, passar a viver das próprias criações. Seguiu pelo desenho e pela pintura. Fez sua primeira exposição em 1970 como participante do 4º Salão de Artes de Arapiraca, um acontecimento à época e que elevou a localidade ao posto de “celeiro de artistas” em Alagoas.

Inquieto e observador, a partir dos anos 1970, iniciou pesquisa sobre cerâmica entre os estados do Ceará e Minas Gerais e descobriu, na ocasião, que em Alagoas não havia nada representativo com o produto surgido do barro. Em um daqueles tinos comuns aos artistas e pessoas com sensibilidade aflorada, decidiu levar sua pintura para peças garimpadas por ele durante as viagens. Surgia a partir daí obras com traçados coloridos, por vezes geométricos e em outras a lembrar aspectos da flora alagoana. Transformava-se, a partir de então, em referência da arte alagoana.

Em 1975, realizou sua primeira exposição individual em grande estilo, no referenciado Instituto Joaquim Nabuco, em Recife (PE), e assim entrou de vez para o circuito de artistas nordestinos apreciados por galeristas da região Sudeste, o maior polo de arte em efervescência no Brasil. Desse modo, suas peças ganharam exposições nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e a partir daí passaram a estampar revistas ligadas à arte e à decoração. Ele mesmo faz questão de guardar a própria história em casa, hábito que posteriormente o transformou em colecionador de arte, principalmente cerâmica, com peças de artistas populares que estão entre os mais importantes e reconhecidos do País, como mestre Manoel Eudócio, seguidor do mestre Vitalino e falecido, em 2016.

Fonte: caderno B do jornal “Gazeta de Alagoas”, edição de 27 e 28/01/2018.