Pelas informações que circulam nos bastidores da política alagoana, os emedebistas da Câmara de Maceió – em especial os vereadores Chico Filho e Galba Netto – viraram um “incômodo” para o enxadrista-mor da política alagoana: o hegemônico e pretenso onipresente senador Renan Calheiros (MDB).

No caso de Chico Filho, o edil do MDB assumiu a função de líder da gestão do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PL), dentro do parlamento-mirim. O próprio senador Renan Calheiros já foi às redes sociais sugerindo que Chico Filho se afaste do MDB enquanto estiver nessa posição dentro da Casa de Mário Guimarães.

Em entrevista a uma rádio local, Chico Filho ressaltou respeito ao senador Renan Calheiros e afirmou que buscará o entendimento por meio do diálogo, mas que se a situação se agravar, ele sabe quais são os direitos que possui dentro do partido. 

Em relação a Galba Netto, o vereador é o presidente da Câmara de Maceió. Politicamente, ele tem um bom trânsito junto ao prefeito JHC. Inclusive, é um dos nomes cotados para ser vice na disputa pela reeleição. 

Ainda nos bastidores, se fala de uma possível mudança do diretório nacional do MDB, promovida pelo senador Renan Calheiros. Em uma postagem em seu blog, no Portal Gazetaweb, o jornalista Edivaldo Júnior traz uma declaração do senador neste sentido: “O MDB vai renovar, na última sexta-feira deste mês, a Comissão Executiva do município de Maceió. E nós vamos colocar na Executiva possíveis candidatos à Prefeitura”. 

Ou seja: a ideia é minar os emedebistas que se aproximam de JHC. O MDB tem feito de tudo para se tornar hegemônico em Alagoas. Legítimo dentro do tabuleiro político, pois tal hegemonia se submeterá às runas. É da democracia! 

Entre as estratégias, se encontra a busca por filiar prefeitos. Atualmente, os tentáculos do MDB ocupam a presidência da Assembleia Legislativa, duas cadeiras do Senado Federal, espaço na Câmara dos Deputados, a maior bancada do parlamento estadual, mais da metade dos prefeitos e o governo de Alagoas. 

É como diz o pensador Nicolau Maquiavel quando reflete que as ações políticas se travestem dos mais variados discursos na busca por suas justificativas, mas dentro dessas ações sempre vai se encontrar a ambiciosa hegemonia, pois o agir é motivado não pelas suas justificações retóricas, mas pelo fim que procura atingir.  

Renan Calheiros sempre sabe disso, ainda que instintivamente. O calheirismo tem método e nisso se difere da colcha de retalhos de uma oposição ao MDB, que é fraca, segregada e sem um líder que possua estratégias equivalentes, ainda que se rivalize no caciquismo, como faz o deputado Arthur Lira (Progressistas) na briga pelo poder.