Em 2022, a Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) registrou cinco casos de intolerância religiosa em Alagoas. Somente neste ano, houve três ocorrências até o momento, de acordo com dados da Ordem. 

Os recentes casos de intolerância religiosa acenderam o alerta de autoridades de Alagoas, por isso a OAB/AL criou a Comissão Especial de Direito e Liberdade Religiosa. O grupo será responsável por promover ações que busquem orientar sobre a importância do respeito a todas as religiões e seus praticantes, bem como fará o recebimento de denúncias dessa prática criminosa.

A comissão tem como principal objetivo o desenvolvimento de frentes educativas e preventivas de combate à intolerância religiosa e de promoção do direito de todos. Para isso, o colegiado buscará promover a qualificação de profissionais do direito diante das novas frentes de trabalho para as mais variadas situações de discriminação.

Audiência pública

Já a Câmara Municipal de Maceió aprovou requerimento para que seja realizada uma audiência pública visando a discussão dos frequentes registros de intolerância religiosa na capital.

O Legislativo Municipal repercutiu o assunto durante sessão plenária e apreciou um pedido do vereador Leonardo Dias (PL) para que seja feita uma audiência pública em busca de soluções, convidando representantes da Igreja Católica e da Segurança Pública.

O vereador cobrou a identificação e prisão dos suspeitos e afirmou que os casos de intolerância religiosa estão se avolumando em Maceió. Já o vereador Samyr Malta (PSD) subscreveu o requerimento e disse estar ofendido, como cristão, diante da profanação do sagrado.

“Não sei o que se passa na mente dessas pessoas que cometem este tipo de ato. Acredito que elas não são normais, não têm esperança e devem estar endemoniadas”, afirmou.

Boletim de ocorrência

O deputado estadual Dudu Ronalsa (MDB)  também lamentou a discussão no plenário da Casa durante a sessão ordinária. Ronalsa contou que esteve, juntamente com os deputados Delegado Leonam e Mesaque Padilha (ambos do União Brasil), conversando com o delegado-Geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, no sentido de obter uma resposta sobre essa onda de depredações a imagens sacras.

“Na próxima semana iremos nos reunir com o delegado Flávio Saraiva, secretário de Segurança Pública. Hoje já passei para ele cópia do boletim de ocorrência feito pela comunidade”, contou Dudu Ronalsa, lembrando que esse é o terceiro caso ocorrido este ano.

“Falei com o secretário sobre a importância de descobrirmos se isso está sendo orquestrado ou se é uma coisa isolada. Precisamos dar uma resposta à sociedade”, disse o parlamentar, preocupado com a situação.

Em apartes, os deputados Mesaque Padilha e Delegado Leonam se associaram ao pronunciamento de Ronalsa e se colocaram à disposição para ajudar a resolver o problema. 

“Mais uma vez estamos tratando desse assunto aqui no plenário. Conte comigo para resolver esse problema e criar leis severas para coibir atos assim”, disse Mesaque. 

Já o Delegado Leonam afirmou que esses casos se repetem porque a Secretaria de Segurança Pública (SSP) ainda não tomou as rédeas da situação. “Espero mais uma vez que a Secretaria faça a sua parte. Porque hoje é um ato de vandalismo, amanhã poderá ser algo pior”, avaliou o parlamentar.

Casos 

A igreja matriz, localizada no conjunto João Sampaio, em Maceió, foi invadida, na madrugada do dia 22 de março e teve furtados o sistema de som, a impressora, botijões de gás, ventiladores, os donativos para a caridade, e uma quantia em dinheiro.  

Atos de vandalismo também atingiram imagens sagradas na Paróquia São José, no Trapiche da Barra. Já no mês passado, no Benedito Bentes, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima foi quebrada. No bairro do Poço, também foram alvos dos criminosos Peças da Igreja do Senhor do Bomfim.