Às vésperas de assumir 2º mandato, Dantas se diz “perseguido por ala da PF” em entrevista

26/12/2022 13:07 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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O governador reeleito Paulo Dantas (MDB) se prepara para se despedir do “mandato-tampão” e iniciar sua segunda gestão, desta vez eleito pela via direta, no comando do Palácio República dos Palmares. 

 

O segundo mandato será a oportunidade para Dantas mostrar uma identidade própria em meio a tantos compromissos políticos assumidos para poder pavimentar seu caminho ao governo do Estado, desde a eleição indireta pela Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. Se o governador conseguirá tal feito ou não, aí com a História. 

 

Por falar em História, Paulo Dantas enfrentou – durante o processo eleitoral do qual saiu vitorioso – duras acusações de envolvimento em caso de corrupção. Ele é acusado de comandar uma quadrilha de supostos servidores fantasmas que teriam desviado quantias milionárias dos cofres públicos da Casa de Tavares Bastos.

 

As acusações se transformaram em processo que resultou uma Operação da Polícia Federal que chegou a afastar Dantas do cargo de governador, sendo ele – posteriormente – reconduzido à cadeira por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Dantas foi obrigado a confrontar esse assunto mais uma vez, em entrevista ao Estadão. Ele se colocou na posição de perseguido político por uma “ala da Polícia Federal”. 

 

Se Dantas tem real envolvimento ou não com o esquema apurado pela Polícia Federal, é algo que a Justiça dirá conforme o andamento do processo dentro do que preconiza o Estado Democrático de Direito, incluindo aí o amplo direito à defesa. Porém, as explicações dadas por Dantas em entrevista, tentando transformar o caso em mera politicagem, não convencem. A razão é simples: são muitos os indícios que merecem atenção redobrada nesse caso.

 

Ainda que a Operação da Polícia Federal tenha tido motivação política ou sofrido “aquele empurrãozinho” por parte dos adversários de Paulo Dantas, é inegável que o inquérito possui substância e que são muitos os indícios contra o governador reeleito. 

 

Há imagens de assessores sacando dinheiro, há percursos mapeados que apontam as “rachadinhas”, há delação, há nomes, documentos, dentre outros elementos que apontam para Dantas como suposto mentor do esquema. Não se pode simplesmente ignorar tudo isso. Portanto, as explicações de Dantas, ao Estadão, mais uma vez, soam muito mais como uma narrativa do que como uma tentativa de explicar minuciosamente os fatos. 

 

Eis o que Dantas diz ao Estadão, ao falar da Operação Edema: “Eu critiquei e critico a atuação da Polícia Federal. Houve uma grande armação política com intuito eleitoral. Na passagem do primeiro para o segundo turno tivemos 300 mil votos de diferença. As pesquisas apontavam 60% das intenções de voto. Ganharíamos com facilidade, mas apertou muito com a Operação Edema. A delegada superintendente da PF foi para Alagoas substituir um delegado no dia 5 de agosto, véspera das convenções. A partir daí surgiram rumores de que haveria uma operação e que ela teria ido com essa missão. No dia 1° de outubro, o deputado Arthur Lira gravou um vídeo nas suas redes falando sobre a Operação Edema. Mas era uma operação sigilosa. No dia 10 de outubro, um dia antes da operação, o candidato nosso adversário convocou uma entrevista coletiva de imprensa para as 9 horas do dia seguinte, mas cancelou depois porque era muito escandaloso. A ministra Laurita Vaz foi induzida ao erro, mas o STF agiu e voltei ao governo, de onde nunca deveria ter saído”.

 

Paulo Dantas segue: “Não estou acusando a PF, mas uma ala. Não sei de onde veio a ordem e não tenho como provar. Mas, depois da operação, eles concederam para nossos adversários informações da operação. Houve perseguição política”.

 

O que Paulo Dantas não explica, mas deveria, são os indícios de tudo que a Polícia Federal conseguiu reunir, desmontando – desta forma – a história que foi recontada pelas investigações ao apontar a existência do roubo de milhões por meio de funcionários fantasmas ligados ao governador reeleito. 

 

Estamos falando de R$ 54 milhões!

 

Afirmar que a Operação Edema é fruto de um ato político não diz absolutamente nada, pois não faz sumir a quantidade de elementos que existem dentro do inquérito. Não se trata de julgar o governador reeleito, mas sim de cobrar explicações convincentes, pois o que foi produzido dentro do inquérito não o foi pelos adversários de Dantas, mas sim por quem estava ao seu lado.

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