Nova gestão de Dantas: a base do “governo tampão” e espaços para os aliados

20/12/2022 14:49 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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O recente anúncio do primeiro escalão do próximo governo de Paulo Dantas (MDB) não traz novidades. Ao contrário disso, repete a lógica do “mandato tampão”, que assumiu após o acordo político que conduziu a eleição indireta na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. 

 

Ao substituir o ex-governador Renan Filho (MDB) em condições extremamente singulares, Dantas se tornou o primeiro governador tampão de Alagoas. De brinde, se tornou o “rosto” – no Executivo – de um grupo político que busca a hegemonia nos próximos anos, enfraquecendo ao máximo qualquer possibilidade de oposição. Se isso se consolidará ou não, aí é com a História e o futuro vindouro...

 

O primeiro mandato de Dantas – o do “tamponamento” – foi um amálgama que se apoiou nos feitos do ex-governador Renan Filho (MDB), dentro de uma estratégia de marketing político que soube valorizar as realizações do ex-chefe do Executivo. Para Dantas, sobrou o papel de prometer a continuidade de um governo bem aprovado junto à opinião pública. 

 

O “governador-tampão” não teve espaço, nem tempo, para ter uma identidade própria. Fruto de um processo de uma candidatura pré-fabricada, Dantas foi um aluno disciplinado da cartilha política previamente estipulada, inclusive no maior momento de crise, quando enfrentou as denúncias de corrupção envolvendo o seu nome e a imagem, já combalida, do parlamento estadual alagoano. 

 

Na condição de “tampão”, o governo manteve nomes fundamentais à gestão de Renan Filho, como é o caso de George Santoro (secretário da Fazenda) e abriu espaço para as indicações dos deputados estaduais liderados pelo presidente da Casa de Tavares Bastos, Marcelo Victor (MDB), dentre outras influências que aproximaram, como nunca antes na História desse Estado, o Executivo e o Legislativo, que – para sermos justo – nunca foram assim tão independentes e cuja harmonia entre eles é derivada de faturas apresentadas.

 

Agora, em um segundo mandato, o que se espera de Paulo Dantas? Que seu governo – escolhido de forma direta e não mais pelos corredores pouco frequentados pelos meros mortais -tenha uma marca própria, em que pese fazer – o que é legítimo – parte de um bloco político. Pelo menos, no nome do secretariado já posto não é possível enxergar essa marca. 

 

O que vemos no primeiro escalão? A manutenção de uma base que mesclou o técnico e o político durante a primeira curta gestão de Dantas (o que é uma escolha inteligente do governador) e a fatura das alianças políticas. Com elas, o PT cresceu com duas secretarias, o PDT trouxe os membros mais históricos da legenda, a Assembleia Legislativa se fez presente, enfim...tudo aquilo que se viu nas muitas mãos que conduziram Paulo Dantas ao Poder Executivo por meio do “tamponamento”. 

 

Ainda é cedo, obviamente, para saber se Paulo Dantas terá uma identidade forte no comando do Estado, deixando seu carimbo na História, como fez seu antecessor, ou será um Renan Filho “genérico”. Todavia, o grande desafio de Paulo Dantas continua sendo o de deixar sua marca de forma positiva, algo pelo qual todos nós devemos torcer. Afinal, o futuro de Alagoas ganha se Dantas mais acertar do que errar. 

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