‘A lição’, dramatizada no casarão histórico do Museu da Imagem e do Som (MISA), no Jaraguá, na sexta (25) e sábado (26), pela companhia teatral de Maceió Grupo Cena Livre (fundada em 1979) fez exatamente o que prega o título: uma lição de como se faz dramaturgias inteligentes, sem forçar a barra para nenhum discurso previsível (que algumas vezes são necessários, mas que terminam se tornando lugar comum).

Sem moral da história e sem bandeiras levantadas, ‘A lição’ montada pela trupe Cena Livre revisa um conteúdo essencial para a dramaturgia: a de que teatro é arte que provoca a cognição e o sensitivo. Neste sentido, sua maior lição - aos possíveis desinformados ou acostumados com montagens clichês - talvez tenha sido a que Maceió ainda se produz teatro de qualidade, em que texto e performance empatam em conceito A.

O texto de Ionesco, dirigido por Ana Sofia, indicam os absurdos e as sutilezas, os potenciais e as fragilidades. Lucidez e obscurecimento, Nirvana e Samsara. Tudo em um só ser. Mas sem respostas prontas, nem fórmulas de interpretação - fica tudo a cargo da fruição.

A performance do professor (Mauro Braga) é daquelas que fica na memória de qualquer estudante. A experiência é realmente determinante em tudo que se faz, e no teatro não é diferente. A aluna (Sara houly) canta francês, mas não só, canta Edith Piaf, mas não só, canta com afinação e doçura. Maria – a criada – (Roberto Monttenegro) tem presença de palco e projeção vocal – enfim, não dá para esquecer-se da lição.

E nunca é tarde lembrar: teatro é o exercício da subjetividade. E cada um tira a sua lição.

Texto: Eugène Ionesco

Local: MISA

Direcão : Ana Sofia de Oliveira

Produção: Cena Livre

Espaço Cênico e Figurinos: Ana Sofia

Costureira: Dona Cícera

Contrarregra: Francisco Neves

Fotos: Arantos

Elenco: Mauro Braga, Sara Houley e Roberto Monttenegro.

Projeto pela Lei Aldir Blanc

Secult - Al

Governo Federal

 

Por: Marcos André