O emedebista-mor de Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB), tem se tornado um dos comentaristas oficiais sobre os supostos escândalos da República quando – evidentemente – a imprensa ou órgãos de investigação, como a própria Polícia Federal, traz denúncias contra seus adversários políticos. 

Nestes casos, nem precisa do trânsito em julgado, mas basta a acusação para que Calheiros sentencie seus adversários, como adorou fazer na CPI em quem foi protagonista no Senado Federal. 

Todavia, quando denúncias envolvem seus aliados políticos, Renan Calheiros – o comentarista sempre atento nas redes sociais – passa o “devido pano”, saindo em defesa dos seus que são sempre postos como perseguidos por maquinações de terceiros. 

De acordo com a Revista Veja, o MDB do senador Renan Calheiros emitiu nota com pedido para a troca da superintendência da Polícia Federal em Alagoas, em um documento assinado pelo próprio emedebista-mor. O pedido é endereçado ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. 

Calheiros ainda solicita uma investigação no Ministério Público.

Renan Calheiros acredita – ou diz acreditar – que há uma suspeita de interferência do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), em uma ação ocorrida no dia 30 de setembro de 2022, em que agentes da PF abordaram o presidente da Casa de Tavares Bastos, Marcelo Victor (MDB) em um hotel da capital alagoana. 

Marcelo Victor foi pego com uma quantia em dinheiro vivo em uma investigação sobre suposta compra de votos. Claro, o presidente da Assembleia Legislativa, diante de tais circunstâncias, nada tem a explicar. O problema é a Polícia Federal, não é mesmo? Mas, por sorte, o bravo e heroico membro do Legislativo alagoano possui o seu santo intercessor, que já deveria ter sido canonizado diante de tantas perseguições sofridas, oh, céus...

Se as acusações contra Marcelo Victor procedem ou não, aí é com o caminhar das investigações e – se for o caso – com a Justiça. Afinal, tem que ser dado ao presidente da Casa de Tavares Bastos as garantias que qualquer cidadão brasileiro possui diante de uma acusação que lhe é feita a partir dos indícios iniciais flagrados. 

No entanto, sou capaz de apostar: se tal situação na qual Marcelo Victor se viu enredado tivesse ocorrido com qualquer um dos adversários de Renan Calheiros, o enxadrista-mor da política alagoana, não haveria nota do MDB, mas sim tuitadas calheiristas sobre a superioridade do moralista da República em relação aos seus adversários.