Eleições também servem de reflexão a JHC diante derrotas do PSB e aliados

03/10/2022 10:46 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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O resultado do primeiro turno em Alagoas também serve de reflexão para um dos eleitores importantes do pleito, que participou de forma indireta, de algumas campanhas, chegando até mesmo a se fastar da Prefeitura de Maceió por um tempo: falo do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB). 

 

JHC é “cabo eleitoral” do senador Rodrigo Cunha (União Brasil) na disputa pelo Executivo. Além disso, emprestou o rosto e o nome (literalmente) para tentar eleger o irmão o Doutor JHC (que agora já pode voltar a ser Doutor JAC) para deputado federal.

 

Em relação à campanha de Doutor JHC, o prefeito de Maceió pode refletir sobre um ponto positivo e um negativo. 

 

O positivo é o fato de o irmão do prefeito ter atingido 92.594 votos. Esse resultado é devido, quase que única e exclusivamente, à capilaridade eleitoral do prefeito na capital alagoana em um pleito em que os eleitores se dividem muito. 

 

O ponto negativo é que o PSB, por ter ido a uma eleição em que praticamente um candidato se despontava, não conseguiu eleger ninguém. A expressiva votação de Doutor JHC foi para o “lixo”. Não há parlamentar eleito, não há suplente, não há nada.

 

JHC não conseguiu estruturar o partido que lidera para fazer dele uma sigla competitiva. O PSB vive hoje do prefeito. 

 

Na disputa por alguma cadeira na Casa de Tavares Bastos, o partido de JHC foi um fiasco. Não só não elegeu, como o candidato do PSB com mais votos teve apenas 3.210, que foi o Missionário Anderson. 

 

O chefe do Executivo municipal que, quando eleito prefeito, fez bancada na Câmara Municipal de Maceió, agora não conseguiu com que seu partido fizesse parlamentares, tendo concentrado todas as forças na eleição do irmão.

 

Na Casa de Tavares Bastos, JHC ainda perde aliados. O deputado estadual Davi Maia (União Brasil) não conseguiu renovar o mandato. 

 

Tudo isso mostra que JHC – na tentativa de focar ganhos eleitorais para um de seus familiares, ampliando o grupo político dos Caldas – sai derrotado de um processo eleitoral do qual fez parte indiretamente, mas com muitos esforços em prol do Doutor JHC. 

 

Na disputa pelo governo do Estado, como eleitor ilustre, se fez presente na campanha de Rodrigo Cunha, que conseguiu chegar ao segundo turno, mas quase 20 pontos percentuais atrás do governador-tampão Paulo Dantas (MDB). 

 

Um trabalho hercúleo é aguardado por Cunha para tentar reverter votos apostando inicialmente na maior parte dos eleitores de Fernando Collor de Mello (PTB), Rui Palmeira (PSD) e demais concorrentes. Não é fácil! Virar um segundo turno com distância mínima entre os postulantes já é difícil, quiçá nessa situação. Mas, como diz o dito popular, o jogo só acaba quando o juiz apita. 

 

Em Maceió, Dantas ganhou com 34,05% contra 27,16% de Rodrigo Cunha, vale ressaltar.

 

Ainda há muito tempo e muitos acontecimentos políticos para acontecerem até a eleição que JHC disputa em 2024, evidentemente. Todavia, hoje, ele é um prefeito que deve satisfações ao seu próprio partido, que se viu encolhido em Alagoas mesmo sendo a legenda do chefe do Executivo de uma capital. 

 

É inegável que JHC sozinho tem uma forte capilaridade eleitoral, mas é igualmente notório que se mostrou inábil em armar um xadrez político para a construção de um grupo. E isso influi em uma eleição majoritária em que ninguém é candidato de si mesmo. Se o prefeito tem hoje alta aprovação e condições de reeleição com facilidade, precisa trabalhar para torná-las concretas.

 

Então, JHC deve sim ligar o “sinal de alerta” com o resultado destas eleições, pois mesmo alguns dos derrotados podem surgir – em dois anos – com o recall para disputar o Executivo de Maceió. Um exemplo é o deputado estadual Davi Davino (Progressistas), caso este não mergulhe no ostracismo ao ficar sem mandato. Rui Palmeira (PSD) – que foi candidato ao governo – também integra essa lista de possíveis rivais.

 

Em relação ao deputado estadual do Progressistas, diferente do que apontavam as pesquisas eleitorais, Davino sai dessa eleição maior do que quando entrou. Conseguiu eleger a mãe, Rose Davino (Progressistas), como deputada estadual, com a família não perdendo os espaços políticos que possui. Para além disso, as pesquisas o colocavam entre 20% e 30% das intenções de votos (depende do instituto), mas Davi Davino saiu das urnas com 42,22%. 

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