Caso envolvendo Kelmann Vieira e Rodrigo Cunha acende alerta sobre rumos da campanha

15/08/2022 13:30 - Ricardo Mota
Por redação
Image

Eu sempre demonstrei, através dos textos que publico aqui, grande preocupação com a violência política em Alagoas. 

Não é nada relativo à minha integridade física, especialmente, até porque não cultivo grande temor da morte – e de há muito (por motivos vários, que não vêm ao caso, agora).

Episódios como o de ontem, em Arapiraca, envolvendo o secretário estadual Kelmann Vieira - também vereador e delegado da PC – e o senador Rodrigo Cunha, acendem um alerta sobre a campanha eleitoral deste ano.

Além da questão nacional, não esqueçamos jamais, temos a nossa própria tradição histórica de violência política.

Imaginei que já houvéssemos ultrapassado esse tempo, em Alagoas, depois de uma sequência considerável de governadores e governos sem vínculos estreitos com o crime e/ou pistolagem.

Mas a realidade é implacável, o que nos leva a cobrar das autoridades medidas preventivas, para evitar que haja algo mais grave no futuro próximo.

Até por força do hábito profissional, o secretário Kelmann Vieira convive com o uso de armas - o que não significa que vai usá-las para a violência política -  mas sabe o impacto que isso tem para os que não usam esse instrumento “de traballho".

Quando afirma, porém, que agiu “como homem”, pergunto que sentido tem a frase, se não um entendimento próprio de uma sociedade que ainda espera avançar do ponto de vista civilizatório. É ainda a nossa cultura vigente - mas mesmo a cultura de um povo pode mudar para melhor.

Sinceramente, não consigo imaginar o senador Rodrigo Cunha xingando alguém, mesmo sendo um adversário político, em um ambiente público.

Pela sua história de vida, muito se pode criticá-lo, por exemplo, pelo fato de ele não ter sido um dos protagonistas no Senado contra a política belicista do presidente que afrouxou a compra de armas no Brasil. Os números são de apavorar, principalmente as mulheres: uma pessoa pode comprar até 60 armas, das quais 30 podem ser fuzis, no Brasil. 

Mas não me parece plausível que Cunha vá para um estádio de futebol com espírito de “guerra total”.

E quando olho para muitas autoridades públicas de Alagoas, que se identificam como “colecionadores de armas” e “atiradores esportivos (?)”, apesar do enredo já fartamente conhecido, só aumenta a minha apreensão.

Independentemente de quem esteja ocupando a cadeira de governador, e Paulo Dantas é o nome da vez, dele se espera uma manifestação dura contra a violência política, além da adoção de providências efetivas, claras, impactantes, para evitar que tenhamos uma campanha eleitoral manchada de sangue.

Destaco, por óbvio, o papel que o atual presidente do TRE, desembargador Otávio Praxedes, pode e deve assumir. 

Ele é um homem pacífico, sabe-se, e tem a autoridade para chamar a atenção dos grupos políticos locais – e todos os grandes por aqui têm gente que exige atenção e cuidado -, e cobrar deles a responsabilidade pelo que se vislumbra, infelizmente, nesse momento.

Lembrando que o destacado magistrado pode, se assim entender, pedir à Polícia Federal que atue com mais gente e mais vigor nessa terra de “valentões” poderosos - já que estes personagens não demonstram temor às autoridades policiais locais.

Os sinais que chegam de várias regiões do estado são preocupantes, mas ainda é tempo de impedir que o indesejado passado volte com força total. 

À paz se chega com a justiça – e não com a guerra.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..