Durante um evento de campanha, na noite de ontem, o candidato a deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil) voltou a falar sobre sua saída do MDB e os motivos que o levaram a apoiar o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), na disputa pelo governo do Estado de Alagoas. 

Alfredo Gaspar saiu do “ninho emedebista” - neste ano - e migrou para uma das oposições aos Calheiros, mesmo já tendo disputado a Prefeitura de Maceió pelo MDB e tendo sido secretário estadual de Segurança Pública na gestão do ex-governador Renan Filho (MDB), que atualmente disputa o Senado Federal.

Nas explicações quanto à mudança, Gaspar de Mendonça também conseguiu construir um discurso que mira na Casa de Tavares Bastos. A razão? Associar o parlamento estadual ao governador-tampão Paulo Dantas (MDB), já que o emedebista que disputa o Executivo tem suas origens na Assembleia Legislativa, tendo a candidatura ao governo “gestada” em um acordo político entre o presidente da Casa, deputado estadual Marcelo Victor (MDB) e o ex-governador Renan Filho. 

Associar Paulo Dantas a mandos e desmandos da Assembleia Legislativa, além de colocá-lo como um candidato ao governo que, sendo eleito, dividiria o poder com o que há de mais questionável no Legislativo alagoano é uma das estratégias do discurso de Gaspar de Mendonça. Uma boa estratégia, diga-se de passagem, diante das “qualidades” que a população enxerga no conjunto do parlamento. 

Ao falar da saída do MDB, ele disse escolheu o União Brasil para poder apoiar o presidente Jair Bolsonaro (PL). Bem, há uma falha lógica nesse sentido, uma vez que o União Brasil sempre pensou em ter candidato próprio à presidência, chegou a se aproximar de Sérgio Moro, inclusive o levando para a legenda. Na sequência, lançou a candidatura de Luciano Bívar ao Executivo federal, que não se sustentou. Não bastasse isso, em Alagoas, o senador Rodrigo Cunha disputa o governo com um discurso alinhado a uma possível “terceira via”. 

Porém, Alfredo Gaspar de Mendonça se colocou como um “bolsonarista raiz” em seu discurso, durante o evento. “Eu saí do MDB porque não voto em Lula, por tudo o que ele fez”, colocou ainda o candidato a deputado federal. 

Gaspar de Mendonça ainda traz sua lógica para o âmbito local: “Deixei o MDB por conhecer os desvios da Assembleia Legislativa de Alagoas. Não tem condições de entregar o Estado para quem não pensa no povo”. Quem diria, Alfredo Gaspar de Mendonça percebeu agora que o MDB tem seu lado fisiológico e membros que acumulam diversas polêmicas ao longo de sua trajetória política, como – por exemplo – o senador Renan Calheiros (MDB). Mas vai que Alfredo Gaspar não teve tempo de perceber que Calheiros era do MDB...

Ah, ainda bem que o grupo atual do qual o União Brasil faz parte é um mosteiro!

A referência é óbvia: Gaspar mira na imensa bancada formada pelo partido do senador Renan Calheiros (MDB) e do acordo político que colocou Paulo Dantas na condição de governador-tampão. O tiro é certeiro, volto a repetir, em função de tudo que pesa contra a Assembleia Legislativa. Nos recentes livros de história, o parlamento não é tão fotogênico, digamos assim...

Bolsonaro

Alfredo Gaspar ainda insinuou que o senador Rodrigo Cunha – na disputa pelo Executivo – se equivocou ao não assumir o apoio a Bolsonaro, mas frisou que Cunha é um candidato “honesto e que não vai enriquecer na política”. “Estou com você (Rodrigo Cunha) e sou bolsonarista raiz”. Por fim, o candidato a deputado federal ainda se colocou como disponível para ajudar na área de Segurança Pública e prometeu a criação de uma “patrulha rural”.