Varíola dos Macacos: infectologistas alagoanos explicam os sintomas e cuidados com a doença

07/08/2022 08:08 - Especiais
Por Gabriela Borba*
Image

Até o momento, Alagoas possui dez casos suspeitos de Monkeypox, também conhecida como Varíola dos Macacos, mas nenhum deles foi confirmado. Conforme atualização da Secretaria do Estado da Saúde (Sesau) no sábado (6), dos 14 casos notificados como suspeitos, quatro foram descartados após exames laboratoriais, sendo um de Messias, um de Maceió e dois de Rio Largo. A perspectiva da doença assusta muitos alagoanos preocupados com um acontecimento parecido com o da pandemia de Covid-19.

O infectologista Fernando Maia tranquiliza afirmando que já existem vacinas para ela, pois, diferente da Covid-19, as variações da varíola são estudadas por cientistas há muitos anos, além de possuir baixa letalidade. 

No Brasil, a vacina contra a varíola do macaco ainda não começou a ser produzida, mas, de acordo com o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o país deve receber, nos meses de agosto e setembro, dois lotes de vacinas contra a Varíola do Macaco, totalizando 50 mil doses, que serão aplicadas nos profissionais de saúde que tiverem contato com pacientes suspeitos da doença. 

Queiroga conta também que há perspectiva de produzir doses do imunizante no Brasil, nos laboratórios Fiocruz e Butantan. 

Maia pondera que, se a situação permanecer assim, apenas os profissionais da saúde, que atuam na linha de frente, serão vacinados, sem a necessidade de vacinação em toda a população. 

Sintomas

Antes de o corpo dar sinais na pele, o paciente infectado pela Monkeypox  geralmente apresenta febre alta de forma súbita, mal-estar, fadiga, sudorese, cansaço, dor no corpo e aumento dos gânglios linfáticos, ilustra o doutor Renê Oliveira. 

Cerca de dois ou três dias após o quadro febril, inicia o aparecimento de manchas que passam a ficar elevadas e em seguida se transformam em bolhas.  

Nos casos leves, é raro que a doença deixe sequelas, apenas cicatrizes que podem permanecer na pele, como ocorre com os pacientes acometidos pela catapora. 

Tratamento

Para o tratamento da doença, os médicos se baseiam nos sintomas que o paciente apresenta. Naqueles em que se formam lesões, que podem gerar dor e desconforto, é necessário tratar dessas lesões para evitar infecções secundárias. 

Idosos, crianças e pessoas imunocomprometidas podem ter uma evolução dos sintomas que encaminhem para o agravamento da doença, com a possibilidade de ir à óbito, assim, é necessário um tratamento diferenciado para esse público, explica o doutor Renee Oliveira. 

Transmissão 

A varíola do macaco, apesar de ser bastante contagiosa, tem uma transmissão diferente do coronavírus. Mardjane Lemos lembra que para contrair a varíola é preciso que haja contato físico com alguém acometido pela doença, enquanto o coronavírus é transmitido através do ar. 

Também é mais fácil identificar pacientes que estão com a Varíola do Macaco, pois é possível visualizar as manchas no corpo. 

Nova pandemia?

Mardjane enfatiza que a varíola do macaco, até o momento, não apresenta letalidade alta e já possui vacina, por isso a probabilidade de chegar a uma situação calamitosa como foi com a Covid-19 é baixa.

A infectologista também reforça que, embora a varíola seja extremamente transmissível quando há contato direto, ela não é transmitida pelo ar, não se espalha facilmente no ambiente.

“Mas a chance de uma pessoa que teve contato direto com um infectado pela Varíola do Macaco adoecer é muito maior do que de uma pessoa que teve contato com um paciente de Covid-19”, salienta a doutora. 

O uso de máscaras e a necessidade de distanciamento social não são medidas eficazes para a contenção de um surto de varíola, apenas as pessoas que confirmarem a infecção pela doença precisam se isolar durante o período de 

Casos suspeitos

Em nota, a Secretaria do Estado da Saúde (Sesau), informou que até a última sexta-feira (05), o estado notificou 14 casos suspeitos de Varíola dos Macacos, cinco mulheres e nove homens. Uma das pessoas, que reside em Messias, já teve o resultado negativo para a doença após exames laboratoriais. 

Os outros 13 casos, sete de Maceió e três de Rio Largo, um de Ouro Branco, um de Inhapi e um de Penedo, que estão sendo monitorados pelas Vigilâncias Epidemiológicas dos municípios de origem.

Um dos pacientes da capital precisou ser internado no Hospital Escola Helvio Auto (HEHA), referência para tratamento de doenças infectocontagiosas em Alagoas. O restante dos pacientes está em isolamento domiciliar, sem evolução negativa do estado de saúde e serão liberados após cumprirem o período de isolamento. 

A Sesau ressalta que os resultados dos exames de diagnóstico da Monkeypox ainda não têm data para divulgação, pois são processados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Para isso, o material biológico é coletado pelo Laboratório Central de Alagoas (Lacen/AL) e encaminhado para a capital carioca, por meio de uma transportadora contratada pelo Ministério da Saúde (MS).

*Estagiária sob supervisão da editoria

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..