As apostas nos vices: como esses nomes podem ajudar aos que disputam o governo...

05/08/2022 12:51 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Desde o início da pré-campanha eleitoral, as articulações políticas que mais chamaram a atenção por parte dos postulantes aos cargos de governador foram aquelas em busca do vice “perfeito” para compor as chapas majoritárias. 

 

Em tese, ninguém é candidato a vice, mas compor com um nome que agregue – ou que pelo menos não atrapalhe – é a missão assumida por quem encabeça a disputa pelo Executivo estadual. Nesse ano, a busca ativa foi por alguém que agregasse. Nessa campanha, todos os vices terão papel ativo. Anotem isso!

 

Por essa razão, por exemplo, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) foi o primeiro a fechar a aliança da “cabeça da chapa”. A busca, já consolidada, pela deputada estadual Jó Pereira (PSDB) não se deu por acaso. Como já disse em diversos textos aqui, Pereira conseguiu conquistar espaços importantes a partir da Assembleia Legislativa. Inclusive, mesmo já tendo feito parte do MDB, demonstrou independência em relação ao calheirismo. Logo, saiu do MDB e ingressou no “ninho tucano” sem precisar criar um discurso de justificativa.

 

Crítica da gestão do ex-governador Renan Filho (MDB) mesmo quando em ambiente emedebista, Jó Pereira – além de utilizar de um discurso voltado ao público feminino (o que tem sido algo explorado por todo os profissionais de marketing desta eleição) – teve projetos relevantes no parlamento, discursos consistentes e traz conteúdo à chapa de Cunha. Além disso, há o plus de reforçar uma aliança com o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas). 

 

Rodrigo Cunha escolheu uma vice que pode ser explorada durante a campanha, como já tem sido feito na pré-campanha. Não por acaso, quando Cunha liderava as pesquisas, Jó Pereira virou alvo dos Calheiros na tentativa de desmontar o grupo liderado por Arthur Lira e pelo senador do União Brasil. 

 

No caso do governador-tampão Paulo Dantas (MDB), a busca pelo vice teve também a busca por algumas vantagens no pleito: 1) a opção pelo vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa, retirou, logo de cara, um dos concorrentes do ex-governador Renan Filho (MDB) na disputa pelo Senado Federal dentro de um colégio eleitoral onde o emedebista mais perde votos: Maceió. Afasta um perigo. É o tipo de “limpeza no tapetão político” que o senador Renan Calheiros (MDB) já executou em eleições passadas; 2) causa ranhuras no grupo político do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB), que é aliado de Rodrigo Cunha e 3) traz para Dantas uma capilaridade eleitoral junto a um eleitor que ele não tem, que é o chamado “formador de opinião”, na capital alagoana.

 

Se Lessa será esse reforço ou não é algo que se traduzirá na prática. Mas, é inegável que o vice-prefeito – mesmo diante da última derrota eleitoral, quando disputou a reeleição de deputado federal – é uma liderança política importante no Estado, ainda que hoje o PDT não seja mais o que já foi no passado, quando tinha importantes espaços políticos em Alagoas. Ronaldo Lessa coloca a chapa de Dantas ainda mais à esquerda, e o fato do vice-prefeito de Maceió votar em Ciro Gomes (PDT) para a presidência enquanto o governador-tampão vota em Lula (PT) não fará a menor diferença, uma vez que Lessa está em um campo progressista que não ligará para essa contradição.

 

Por fim, o senador Fernando Collor de Mello (PTB) foi a maior surpresa do pleito. Iniciando como pré-candidato ao Senado Federal, Collor desistiu dessa disputa e se lançou ao governo do Estado com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL). Collor migrou de vez à direita e, em especial, para dentro do “bolsonarismo”. 

 

O mérito de Collor: soube conduzir esse processo sem ranhuras, se firmando em um novo eleitorado que respondeu às pesquisas de intenção de votos e o colocou na segunda posição da disputa pelo Executivo estadual. O crescimento de Collor significou a queda drástica de Rodrigo Cunha nas pesquisas de intenção de votos. 

 

Não por acaso, Cunha agora assumiu o discurso de tentar atacar Collor mirando no eleitorado que ele conquistou, que é o dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Porém, Fernando Collor de Mello também fechou uma aliança que o legitimou na disputa polarizada. O petebista conseguiu ter ao seu lado o PL de Bolsonaro, que indiciou o vice na disputa: o vereador por Maceió, Leonardo Dias.

 

Leonardo Dias é uma das mais importantes lideranças da direita em Alagoas. Além disso, conseguiu destaque em seu primeiro mandato com as fiscalizações de rua e outros projetos. Alguns polêmicos, mas que representam os ideais ligados ao seu eleitor. Em outras palavras, uma representatividade legitima de parcela do eleitorado. 

 

Neste ano, nenhum vice foi escolhido por acaso ou pela simples conveniência. Em todas as escolhas, houve muito planejamento e estratégia. O motivo? Todos sabem que não é uma eleição fácil.

 

Já Rui Palmeira (PSD) demonstrou a importância do “vice”. Mesmo tendo realizado a sua convenção na manhã de hoje, ainda há suspense – pelo menos até o fechamento deste texto – sobre o nome do vice de Rui Palmeira. O PSD terá como aliados o Patriotas e o Republicanos. O vice deve ser o filho do deputado estadual Antônio Albuquerque (Republicanos), mas até aqui não foi confirmado. Por qual razão? Bem, o nome precisa chegar com expectativa de soma na disputa, que foi como os demais vices chegaram. 

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