Rui Palmeira: a versão da “independência” que não quer se escorar nos “gigantes da política” que já foram seus aliados...

15/07/2022 14:34 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Ao lançar oficialmente sua pré-candidatura ao governo do Estado de Alagoas, o ex-prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSD), saiu com essa frase, que consta em release de sua assessoria de imprensa: “vamos mostrar nossa história, comparar biografias, mostrar que é possível levar Alagoas para frente com um projeto independente, sem precisar se escorar em senhores da política”. 

 

Rui Palmeira investe, portanto, em uma versão de si mesmo, diante das circunstâncias da disputa atual pelo governo do Estado de Alagoas, que o faça parecer o candidato que confrontará os dois grandes blocos políticos do pleito: o do MDB liderado pelo ex-governador Renan Filho e o senador Renan Calheiros, que tem como candidato ao governo o “tampão” Paulo Dantas (MDB); e o do deputado federal Arthur Lira (Progressistas), que tem como postulante ao Executivo estadual o senador Rodrigo Cunha (União Brasil).

 

E o senador e pré-candidato ao governo Fernando Collor de Mello (PTB) também não seria um “senhor da política”? o leitor (a) poderia perguntar? Bem, se for senhor, Collor, neste caso, é senhor de si mesmo e seu grupo político, ao menos por enquanto, é tão reduzido quanto o de Palmeira em termos de alianças. Logo, é evidente que quando Rui Palmeira fala dos “senhores da política” ele se refere aos Calheiros e a Lira. 

 

Os desafios de Collor também estão presentes no processo, inclusive muita coisa do que ele diz hoje também pode ser confrontada com o que já disse no passado. É desafio de quase todos os políticos, pois há uma natural adaptação por parte destes às necessidades da eleição do agora. Não por acaso, há um dito: cada eleição com sua história.

 

O problema é que a própria fala de Rui Palmeira exige “comparar biografias”. E aí, caros (as) leitores (as), eu resolvi fazer o que Rui Palmeira pede. Os senhores da política que são alvo do pré-candidato do PSD na eleição de hoje foram caciques muito bem-vindos em eleições passadas. 

 

Quando Rui Palmeira era prefeito de Maceió, o grupo o Progressistas de Arthur Lira era muito presente na base de sustentação daquela administração, inclusive um dos maiores aliados era o ex-senador Benedito de Lira. La estavam os senhores da política de hoje.

 

Na sucessão municipal passada, quando Rui Palmeira estava em seu último ano de mandato, o candidato apoiado por ele naquele momento surgiu fruto da aliança de Palmeira com o MDB do ex-governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros. 

 

Rui Palmeira se uniu a estes “senhores da política” para lançar o atual pré-candidato a deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça (União Brasil), na disputa pela Prefeitura Municipal de Maceió. Na época, Gaspar de Mendonça era do MDB e foi derrotado nas urnas pelo atual prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Um adendo: hoje Gaspar está no grupo de Arthur Lira, que é do grupo de Rodrigo Cunha, que é do grupo de JHC... Quem diria?

 

Não estamos falando de passados tão distantes, é válido frisar. Porém, antes da independência que Rui Palmeira arroga para si como elemento suficiente para que, diante da mesa posta nas eleições atuais, ele (Rui) possa cuspir no prato que já comeu, é necessário que ele explique a razão de, como um recém-saído das páginas de Cervantes, poder vestir o elmo da independência para ir de encontro aos gigantes, na ânsia de rasgar as pás destes anacrônicos moinhos de ventos fisiológicos que ditam os rumos de Alagoas, quando já estendeu tapetes e bandeiras na direção destes mesmos ventos... 

 

Os senhores da política nos quais Rui Palmeira não se escora agora já serviram de escoras ou de suas gestões ou de seu palanque mais recente. Mas política é assim, todo mundo se reinventa. Afinal é possível ser tão independente, mas tão independente, a ponto de ser independente até da lógica, da história e das próprias biografias a serem comparadas...

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