Rodrigo Cunha busca rebater a crítica de “não ter lado” e demonstra embate com discursos de adversários

15/07/2022 12:08 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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O senador e pré-candidato ao governo do Estado de Alagoas, Rodrigo Cunha (União Brasil), resolveu rebater uma das críticas comuns feita pelos adversários: a de não ter um lado, de ficar sempre em cima do muro. É a posição mais recente de Cunha em suas redes sociais e falarei disso no decorrer do texto...

 

 Por sinal, em suas redes sociais, Cunha tem investido em criar um contradiscurso para atacar os pontos que mais afetou sua pré-campanha e pode ter gerado o “derretimento” nas pesquisas eleitorais. Não sei se é assim o que avalia os mais próximos do pré-candidato do União Brasil, mas é o que o conjunto de seus mais recentes discursos sugere.

 

Afinal, Rodrigo Cunha iniciou a corrida eleitoral na liderança, mas – nos mais recentes levantamentos registados na Justiça Eleitoral – aparece em terceiro lugar, ainda que, em alguns desses institutos, esteja tecnicamente empatado com o segundo colocado: o também senador Fernando Collor de Mello (PTB). 

 

Cunha já rebateu a crítica de ter “sumido” durante parte do mandato de senador em Brasília, alegando que “teve que abrir as portas em Brasília” e estava costurando tudo e veio para Alagoas agora para amarrar esse nó. Não poderia ter havido resposta pior. Cunha tomou para si o rótulo de sumido e ainda leva ao ar uma suposta eleitora perguntando onde ele estava. Ora, se quem o acompanha não sabia, imagina quem não acompanha... Essa é a sensação que fica!

 

A  lógica era: se os adversários dizem que sumi, eu devo dizer que sempre estive presente e demonstrar isso. Dizer com todas as letras que eles mentem por temer o trabalho que está sendo feito. Não foi o que Rodrigo Cunha escolheu fazer. Ao invés de dizer que os adversários mentem, ele optou por falar que os adversários falam uma “meia-verdade”, ainda que alegando que estava abrindo portas em Brasília.

 

Esse é o mesmo Cunha que tentou – também nas redes sociais – se mostrar mais ameno com o governo federal em razão de não acompanhar um dos seus principais apoiadores, o deputado federal, Arthur Lira (Progressistas), no apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). 

 

Cunha é indagado, na peça publicitária, se o governo federal (que é o governo Bolsonaro) soma ou some. O senador do União Brasil responde: “Tem que somar. Nós vivemos em um estado que é belíssimo, mas que tem os piores indicadores sociais (...)” e segue afirmando que vai bater na porta do governo federal independente de quem seja o próximo presidente, chamando a polarização de picuinha. 

 

A resposta de Cunha não é a pergunta feita. Quando se indaga se o governo federal soma ou some, se indaga sobre o atual governo federal. Rodrigo Cunha joga a resposta para o futuro para não se comprometer com o governo Bolsonaro. Então, faço o desafio a Cunha de outra forma: “Senador, na sua visão, o governo federal ATUAL, o governo BOLSONARO, soma ou some?” Responde aí...

 

Por fim, o que foi objeto do primeiro parágrafo deste texto:

 

Quem acompanha os bastidores e as falas de adversários, sabe que eles classificam o senador do União Brasil como alguém supostamente sem posição firme e sem lado diante de uma polarização. Rodrigo Cunha trouxe uma peça publicitária como resposta: “Rodrigo tem um lado: o do povo”. 

 

É óbvio que o “lado do povo” é o que se espera de qualquer político que dispute a atual eleição, mas em um ambiente polarizado, é possível ainda indagar a Cunha o seguinte: “Dentre as opções postas à presidência da República, pré-candidato, qual é aquele que – em sua avaliação – seria então o mais próximo de ser o lado do povo?”. 

 

Pois passada a eleição, mesmo diante da derrota do candidato presidencial escolhido, é função do governador eleito baixar os palanques e buscar o discurso republicano. 

 

Rodrigo Cunha parece fazer questão de se pautar pelos adversários e – ainda que sem querer – dar espaço em seu próprio ambiente para reforçar rótulos por meio dos vocábulos escolhidos em sua pré-campanha. Combater esses rótulos é, antes de mais nada, buscar um léxico diferenciado e mostrar que o que é dito é mentira. 

 

Nos momentos em que fugiu disso, foi quando Cunha conseguiu ser mais firme e acertar o discurso, como quando teve coragem para afirmar que Renan “Calheiros é o nome menos indicado para fiscalizar recursos públicos” e comprou a briga ao se posicionar sobre CPI no Congresso Nacional. De gancho, ainda conseguiu atacar a ferida que dói em Paulo Dantas (MDB): ser o governador-tampão, pois a palavra remete a um papel de “fantoche”, como destacou o senador do União Brasil.

 

Outro acerto já dito aqui foi quando trouxe sua vice – a deputada estadual Jó Pereira (PSDB) – para discutir uma temática midiática em cima de proposições concretas que foram feitas por Pereira. O pior erro de um candidato é se tornar refém de uma narrativa que lhe imputam e ficar sem conseguir atingir os adversários pelos seus piores defeitos, obrigando-os também a ter o que dizer. 

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