As pesquisas eleitorais são retratos de momento, é válido ressaltar isso inicialmente. 

Desde que a corrida pré-eleitoral pelo governo estadual se iniciou em Alagoas, foram diversos levantamentos mostrando um cenário embolado, mas com um número alto de indecisos, brancos e nulos. Isto, evidentemente, reflexo do fato dos candidatos ainda não estarem totalmente definidos. 

Conforme os grupos políticos se consolidam, diante das opções postas, é natural que o eleitor antes indeciso vá migrando para uma das possibilidades existentes. Logo, em todas as pesquisas – daqui pra frente – podemos ver a redução das indecisões provocando alterações de cenários. 

No dia de ontem, como mostrado neste blog, o Instituto Data Sensus já trouxe uma pesquisa registrada que mostrou um cenário completamente diferente dos anteriores: o governador-tampão Paulo Dantas (MDB) surgia liderando, com o senador Fernando Collor (PTB) em segundo lugar, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) em terceiro e Rui Palmeira (PSD) em quarto. Os demais ficaram na casa de 1%. 

Ibrape

O Ibrape, em uma pesquisa feita em parceria com o Portal CadaMinuto, também registra este cenário de liderança do governador-tampão, sem alterar a posição dos adversários. 

De acordo com a matéria publicada aqui no CadaMinuto, entre os dias 01 e 04 de julho de 2022 foram ouvidas 1.992 pessoas em todas as regiões de Alagoas. A margem de erro é de 2,2% para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob os números BR-02847/2022 e AL-08723/2022.

Dantas é o líder com 30% das intenções de votos. Fernando Collor é o segundo com 19%. Rodrigo Cunha tem 16% e, na quarta posição, está Rui Palmeira com 10%. Os demais candidatos ficam com 1%. O número de indecisos é 16% e 8% pretende votar em branco e nulos. 

Primeiro ponto: o índice de indecisos ainda é alto e pode provocar mudanças em cenários futuros, sendo alcançados pela estratégia de algum dos candidatos na busca pelo voto. 

Para além disso, o Ibrape pode trazer aos candidatos as reflexões que o DataSensus também impôs: Rodrigo Cunha mostra um “derretimento”, uma vez que era o líder em levantamentos anteriores. Ele foi o mais impactado pela entrada no senador Fernando Collor de Mello na disputa, que assumiu a segunda posição e jogou Cunha para terceiro colocado.

É hora de Rodrigo Cunha reavaliar seus posicionamentos. 

Quanto a Fernando Collor de Mello, o senador mostra – ao entrar na disputa pelo governo estadual – que tem uma forte capilaridade eleitoral de piso, de largada. Porém, o desafio de Collor é ir além disso para se tornar mais competitivo, inclusive na possibilidade de ir ao segundo turno, já que a diferença entre Collor e Cunha é mínima. 

Os emedebistas da base de apoio de Paulo Dantas fazem a leitura de que Collor seria o melhor adversário por ter – com base no histórico das eleições do senador do PTB – um piso alto, mas um teto baixo, em relação às intenções de votos. 

Já Rui Palmeira tem um desafio maior. Na quarta posição, Palmeira é o pré-candidato com menor bloco de sustentação política. Não por acaso, diante dos resultados, deve sofrer investidas dos adversários para desistir da campanha e apoiar alguém. O MDB já flerta com Rui Palmeira nesse sentido. 

Paulo Dantas, por sua vez, conseguiu êxito na estratégia. Saiu da condição de um deputado estadual sem grande destaque na Assembleia Legislativa para ser o candidato do status quo, com o apoio do ex-governador Renan Filho (MDB) e do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB). Os estrategistas de Dantas estão conseguindo colar nele a boa avaliação do Executivo passado sem que essa seja contraposta pela rejeição de ser o candidato do parlamento estadual.