Aliado com Lira, Rodrigo Cunha mostra que, com “ausência” em evento, não apoiará Bolsonaro

29/06/2022 13:47 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Antes da vida do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Estado de Alagoas, onde participou – no dia de ontem – da entrega de residências a famílias de baixa renda, no bairro do Vergel do Lago, em Maceió, especulava-se, na imprensa, sobre a ida ou não do senador e pré-candidato ao governo Rodrigo Cunha (União Brasil) para o evento. 

 

Lá se encontravam os principais aliados de Cunha: o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas); o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB); e a deputada estadual Jó Pereira (PSDB), que é a vice do senador do União Brasil na chapa apoiada por Lira. Mas, Rodrigo Cunha não foi ao evento com o presidente Jair Bolsonaro. 

 

Sua ausência é um recado claro: Rodrigo Cunha não quer sua imagem associada ao presidente da República, muito menos deseja apoiar o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Lula. Nem lá, nem cá...

 

Cunha seguirá – como já dito por ele mesmo em entrevistas – com alguma das “terceiras vias”. Ou se afastará por completo do debate nacional com o discurso já manjado: independente de quem for eleito presidente, caso ele seja eleito governador, buscará a interlocução com o governo federal. 

 

A lacuna do candidato apoiado por Arthur Lira deixou espaço para que o senador Fernando Collor de Mello (PTB) fosse atrás dos votos bolsonaristas, como vem fazendo. Com isso, aumenta a possibilidade do presidente Bolsonaro se aproximar em definitivo de Collor, ainda que mantenha a boa relação com Arthur Lira por conta das questões que envolvem a Câmara dos Deputados. 

 

Afinal, é válido frisar que Collor disse que é o candidato ao governo de Alagoas do presidente Bolsonaro, mas o presidente Bolsonaro ainda não afirmou – categoricamente – que Collor é o seu candidato em Alagoas. O motivo de Bolsonaro ainda não ter sido tão enfático? A aliança com Arthur Lira, que investe em outra chapa.

 

Desta forma, com Cunha fora da polarização, em Alagoas o “fla-flu” se refletirá nos palanques do MDB e do PTB. De um lado, o govenador tampão Paulo Dantas se associando à imagem de Lula. Do outro, Collor com o apoio do presidente da República. 

 

É que Arthur Lira ofertou, em Brasília, um candidato que não tem a mínima vontade de apoiar Bolsonaro. Aliás, pelas posições de Rodrigo Cunha, ele também evita estar ao lado do próprio Lira, como já o fez quando se elegeu senador ignorando que estava na mesma chapa que o Progressistas, na época. 

 

Pelo visto, para Rodrigo Cunha, ter o apoio de Lira é a condição imposta pela “real política” para ter o grupo consolidado, unindo ali o seu parceiro político JHC e a vice de seus sonhos: a deputada estadual Jó Pereira.

 

Com essa situação, Arthur Lira tenta fechar uma “equação” que é a seguinte: manter a proximidade com Jair Bolsonaro sem conseguir ofertar um palanque para o presidente, enquanto o senador Fernando Collor de Mello tem a total disposição para ser a figura deste palanque trazendo a polarização para Alagoas. 

 

Em um ambiente polarizado, Rodrigo Cunha corre o risco de desagradar os dois lados e com isso perder parcela significativa de capilaridade eleitoral entre militâncias tão apaixonadas. O que isso representará em termos de porcentagens na corrida eleitoral? As próximas pesquisas, se fiéis a realidade, certamente mostrarão. Afinal, é incerto saber até que ponto esse clima nacional afetará a percepção do eleitor sobre os candidatos no Estado... 

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