O presidente Bolsonaro pauta a imprensa nacional – e parte da local, também -, sabe disso e atende às expectativas de comentaristas políticos em todo o país.
A cada dia, sai com uma nova declaração estapafúrdia, impactante, que os bolsonaristas aplaudem e os demais xingam horrores.
Esse é o jogo dele: a mais competente cortina de fumaça já edificada por aqui. (A briga dele com a Petrobras é de chorar de rir - uma ópera bufa. )
Como na imprensa, de forma geral, não há mais, praticamente, reportagens, temas como a inflação cotidiana, o desemprego assustador, o novo apagão na saúde, a deseducação, a fome que já arrasta 33 milhões de brasileiros – nada disso é mostrado com a profundidade e assiduidade que precisa e merece.
Bolsonaro está pouco se lixando para o que os não bolsonaristas acham dele e do seu governo.
Por óbvio, quer apenas manter a sua turma engajada – principalmente nas redes sociais –, de olho num possível segundo turno da eleição presidencial. Mira somente esse segmento populacional, consolidado, movido pela fé, imune ao “mundo lá fora”.
A partir daí, dando certo a sua estratégia, ele pode tentar qualquer coisa – e terá sempre a imprensa a reverberar suas declarações, principalmente as que mais chocam.
Cá para nós: se a substância existe, que sejamos cada vez mais substantivos - e menos adjetivos.