Rodrigo Cunha diz que “não faz sentido” junção de Pedro Vilela com Renan Calheiros. Como se alianças políticas em AL precisassem de sentido...

08/06/2022 09:33 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Em entrevista às jornalistas Thayse Cavalcante e Liara Nogueira, na Rádio Nova Brasil, o senador e pré-candidato ao governo do Estado de Alagoas, Rodrigo Cunha (União Brasil), disse que não faria sentido uma junção política do deputado federal Pedro Vilela (PSDB) com o senador Renan Calheiros e o ex-governador Renan Filho, ambos do MDB.

 

A fala de Rodrigo Cunha é uma resposta ao que vem sendo ventilado nos bastidores políticos: a possibilidade do PSDB se unir ao MDB nas eleições vindouras, seja para Pedro Vilela ser o suplente de Renan Filho, na disputa pelo Senado Federal, ou Vilela ser o vice do governador-tampão Paulo Dantas, em sua tentativa de reeleição (agora por via direta). 

 

O PSDB – diga-se de passagem – é o partido no qual se encontra a deputada estadual Jó Pereira, que é a cotada para ser vice de Cunha. Inclusive, Pereira foi para o “ninho tucano” em um acordo político com Rodrigo Cunha e o próprio PSDB. O senador saiu do tucanato para o União Brasil para se firmar como candidato ao Executivo com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira (Progressistas). Em troca, Jó Pereira foi para o PSDB. 

 

Caso o que é dito em bastidor se comprove, Jó Pereira leva aquela rasteira tão comum na política alagoana, semelhante a que Arthur Lira deu no presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (MDB), quando tomou deste o União Brasil e o entregou a Rodrigo Cunha.

 

Mas, esse não é o único entrave a ser enfrentado por Cunha e seu bloco político para manter a vice. Nacionalmente, o PSDB se encontra federalizado com o Cidadania. Em Alagoas, o Cidadania quer ter candidato ao governo estadual, lançando o jornalista e ex-deputado federal Régis Cavalcante. 

 

Caso se consolide a candidatura de Cavalcante ao governo, Jó Pereira não pode ser vice de Cunha. Caso Pedro Vilela realmente feche acordo com o MDB, aí nem Jó Pereira e nem Régis Cavalcante podem figurar em majoritária. 

 

Rodrigo Cunha diz, na entrevista, que não faria sentido uma união entre o PSDB e o MDB porque, na gestão do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), o MDB estava na oposição, em que pese no início do primeiro mandato os emedebistas serem aliados do tucano. Além disso, Teotonio Vilela Filho e o senador Renan Calheiros sempre mantiveram uma relação dúbia por já terem sido siameses aliados em um passado não tão distante.

 

O senador do União Brasil lembra ainda que o ex-governador Renan Filho, ao se eleger para o cargo de chefe do Executivo, fez duras críticas a gestão anterior de Teotônio Vilela, classificando-a como uma “gestão maldita” e por aí vai...

 

Bem, os argumentos de Rodrigo Cunha podem até guardar uma certa lógica e terem algum sentido, mas desde quando na política alagoana as alianças circunstanciais prezam por coerência e sentido? 

 

Assim fosse, o próprio Cunha não teria agora o apoio de Arthur Lira, uma vez que quando se elegeu senador da República ele (Rodrigo Cunha) se afastava do ex-senador Benedito de Lira (Progressistas) e de Arthur Lira como o diabo se afastava da cruz para poder manter o rótulo de o “diferentão da nova política”.  

 

Ainda falando de “coerência”, por exemplo, o pré-candidato a deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonça, que se encontra no União Brasil, era – até bem pouco tempo atrás – o secretário de Segurança Pública do governo de Renan Filho e foi candidato à Prefeitura de Maceió com o apoio do ex-governador Renan Filho e do ex-prefeito da capital alagoana, Rui Palmeira (PSD). Hoje, Gaspar de Mendonça é nome do bloco político de Arthur Lira. 

 

Quem for esmiuçar a história de cada eleição comparando com eleições passadas, em Alagoas, o que mais vai encontrar é uma enxurrada de contradições e de circunstâncias que tornam os adversários de ontem os aliados de hoje. O vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PDT) que o diga. Lessa já foi aliado de Renan Calheiros e de Rui Palmeira na época em que ambos eram adversários. 

 

A lista de exemplos é longa... Mais uma, menos uma incoerência, eis que não surpreenderia.

 

Ora, Pedro Vilela tem uma eleição de deputado federal difícil pela frente. Se as conversas de bastidores são reais, eis que é a tentação que lhe bate à porta. Uma oferta de posição mais confortável que só lhe cobra algo comum na política alagoana: a incoerência. Desta forma, a única pessoa que poderá dizer se há sentido ou não no que vem sendo ventilado é o próprio Pedro Vilela. Mas, o tucano tem preferido – pelo visto – o silêncio. 

 

Só Pedro Vilela pode desmistificar o que ocorre nos bastidores do tucanato... Procurei saber de Vilela, via assessoria, qual a sua resposta a tudo isso. Estou no aguardo…

 

Até pode ser tudo conversa fiada de bastidores, mas por qual Pedro Vilela não diz de uma vez por todas que é tudo “conversa fiada de bastidores”?

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