Data Sensus: cenário de disputa acirrada; publicidade de pré-candidatos é só narrativa!

01/06/2022 12:00 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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A mais recente pesquisa eleitoral registrada, feita pelo Data Sensus e divulgada em parceria com o Política Alagoana, não traz muitas novidades, mas é um termômetro importante para o momento e já alimenta as publicidades dos pré-candidatos. 

 

Quanto à ausência de novidades, é que os novos números repetem o que já se via anteriormente: o cenário de disputa acirrada pelo Executivo estadual. Por mais que haja alternância, quando comparado com outros levantamentos, entre o primeiro e o segundo colocado, isto pode ser lido como natural diante da distância curta entre eles. 

 

Então, é o que se esperava: com uma maior definição dos nomes que estarão na briga pelo governo estadual, é natural que se reduza o número de indecisos, uma vez que não há para onde fugir e prevalece, para muitos, o critério de escolher o “menos ruim” ou votar em branco/nulo mesmo. A “distribuição” dos indecisos mantém o acirramento e segue “construindo” uma das eleições mais disputadas da História de Alagoas. 

 

Por mais que agora os pré-candidatos usem dos números da pesquisa para alimentarem suas narrativas, como fez o atual governador tampão Paulo Dantas (MDB) e o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), os dados do Data Sensus mostram que, diante da margem de indecisos ainda existente, e dos índices de rejeição, não há posição confortável para ninguém. 

 

Dantas, o pré-candidato fabricado pelo MDB e pela Assembleia Legislativa, faz malabarismo com os números da pesquisa espontânea para se colocar como “líder” da corrida eleitoral, tendo – nesse cenário – apenas 9,2% dos votos quando os indecisos somam 77,2%. É do marketing político trabalhar tais malabarismos retóricos favoráveis ao objeto da publicidade.  Mas na prática, a espontânea mostra que os ouvidos sequer lembram de citar os que se colocam como “lideranças” para brigar pelo Executivo estadual. 

 

Tipo: temos um governador tampão que é lembrado por 9,2% das pessoas, um senador que é lembrado por 5,2% e um ex-prefeito de capital que é lembrado por 2,4% apesar de estarem há muito tempo com os seus blocos nas ruas. Logo, só são lideranças mesmo quando se faz a pesquisa estimulada e o eleitor é obrigado a escolher entre eles. Talvez aquela sensação do “é se só tem tu, vai tu mesmo”. 

 

Quanto a dar publicidade aos números favoráveis a si mesmo, algo semelhante faz Rodrigo Cunha para se colocar como líder isolado, na pesquisa estimulada, por conta da margem de erro do Instituto Data Sensus ser de 1,4%. Todavia, a distância de Cunha – que tem 24% - é apertada, quando se compara com Dantas (21%) e Rui Palmeira (19%). O Instituto não diz isso, mas eu ouso dizer: há um empate técnico e se encontra tudo embolado.

 

Mas que os pré-candidatos que repercutam os números como bem desejam... É – repito! – do jogo. Todavia, na realidade da qual eles não podem escapar, o que se tem é o seguinte: a permanecer assim o termômetro, a briga para ir para o segundo turno será ponto a ponto. Isso pode elevar ainda mais o clima de uma campanha que já se encontra alto, com trocas de farpas e ataques entre os grupos políticos dos principais candidatos.

 

Dantas terá que “aproveitar” o máximo da “máquina pública” para construir uma identidade própria, uma vez que chegou ao Executivo por meio de um acordão político após ter sua candidatura gestada dentro da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas em negociações fisiológicas, uma vez que – realidade seja dita! – estava muito longe de ser uma liderança que despontasse naturalmente como um nome cotado para a majoritária.

 

No entanto, é inegável que a estratégia para alavancar Dantas deu certo. Paulo Dantas é um pré-candidato competitivo e com chances – pela recente pesquisa – iguais as de Rodrigo Cunha e Rui Palmeira. 

 

Rodrigo Cunha – que sofre pelas próprias “ensabonetadas” que dá, evitando bolas divididas – enfrenta problemas para liderar um grupo político, uma vez que se afasta dos diálogos com os caciques alagoanos, dentre os quais o que lhe apoia (o deputado federal Arthur Lira (PP)) para sempre bancar o marketing da “nova política”. 

 

Cunha peca, muitas vezes, pela ausência de se saber o que ele pensa em relação aos mais variados temas em função da paixão do senador do União Brasil pelo “politicamente correto”.

 

Rui Palmeira tenta correr por fora para consolidar a sua posição em um segundo turno. Ele busca se apresentar como o candidato que está fora da polarização entre os dois grupos políticos que envolvem o embate entre o senador Renan Calheiros (MDB) e o deputado federal Arthur Lira. Porém, Palmeira já esteve aliado com todos aqueles que se encontram hoje no tabuleiro do xadrez político. Agora, é inegável que, fora de mandato desde que deixou a Prefeitura de Maceió, possui uma considerável capilaridade eleitoral.

 

No mais, uma pergunta que surge diante da pesquisa para o Governo do Estado feita pelo Data Sensus é a seguinte: caso apareça o nome do senador Fernando Collor de Mello (PTB) na disputa pelo Executivo estadual o cenário embola mais ainda? Há alguém que se beneficie? Há quem se prejudique? Questionamentos naturais diante do fato do nome de Collor ser cogitado para disputar a principal cadeira do Palácio República dos Palmares. Afinal, o senador do PTB já se movimenta em busca de um vice, conforme os bastidores políticos.

 

O Data Sensus não o coloca na pesquisa do cenário estimulado. Todavia, tem uma justificativa plausível e lógica: Fernando Collor ainda não anunciou oficialmente a sua pré-candidatura ao governo estadual. Cunha, Dantas e Rui já fizeram isso. Então, critério válido. As próximas pesquisas deverão responder aos questionamentos relacionados ao senador do PTB. 

 

Os demais candidatos, em um cenário estimulado mais ampliado, aparecem em posições risíveis dos que estão fora do combate, mas apenas marcam posição: Cícero Albuquerque (PSOL) - 2%, Regis Cavalcante (Cidadania) - 2%, Mônica Carvalho (Solidariedade) -1%. 

 

A pesquisa nesse cenário se completa com 11% dos eleitores afirmando que não vota em nenhum dos candidatos, 4% dizem votar branco ou nulo e 16% não opinaram ou estão indecisos. Percentuais consideráveis que podem mudar o jogo. 

 

A pesquisa foi realizada pelo DataSensus, em parceria com o site Política Alagoana. Foram feitas 5 mil entrevistas nos 102 municípios. A margem de erro é de 1,4%. Número de identificação na Justiça Eleitoral: AL-1243/2022. A pesquisa completa foi divulgada pelo CadaMinuto. O (a) leitor (a) pode checar os demais números no site. 

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