Dantas terá um desafio pela frente: mostrar que possui identidade própria

16/05/2022 12:46 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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A eleição indireta, ocorrida ontem na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, era um jogo de cartas marcadas. O que já era fato se consumou: o deputado estadual Paulo Dantas (MDB) foi eleito com a maioria dos votos. 

Eis que agora, Dantas assume o Executivo como o governador tampão de Alagoas e com uma equipe escolhida com o aval dele, mas por seus aliados, com destaque para o ex-governador Renan Filho (MDB) e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, Marcelo Victor (MDB).

O secretário da Fazenda, George Santoro, retorna ao cargo – depois de ter sido exonerado pelo ex-governador Klever Loureiro – como um supersecretário que dará estabilidade à gestão de Dantas, com as condições financeiras e orçamentárias para o encaminhamento de ações e obras. 

Santoro é o nome que mais remete ao acordo político e à continuidade de uma gestão que tem o desafio de ter “cara própria”. 

Paulo Dantas, que teve sua candidatura gestada dentro da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, chega à principal cadeira do Executivo depois de fases. Inicialmente, teve a candidatura ao governo fabricada por Marcelo Victor (quando este ainda estava no União Brasil), como uma possibilidade de aliança com o deputado federal Arthur Lira (Progressistas) e/ou com o ex-governador Renan Filho. 

Quando Marcelo Victor fechou acordo de vez com Renan Filho, levou a rasteira de Arthur Lira e perdeu o União Brasil. O bloco de sustentação de Dantas teve que ir para o MDB por “gravidade”.

Iniciou-se uma segunda fase, na qual Marcelo Victor deixou de ser o enxadrista que quis ser para ser mais um nome do MDB. A rasteira de Lira habilitou Renan Filho a voltar a ser o enxadrista-mor do grupo, tendo o pai – o senador Renan Calheiros (MDB) – ao lado.

Nesse jogo, quem sempre foi Paulo Dantas? O candidato fabricado. 

Agora, como governador, apesar do período no Legislativo, no qual teve um papel secundário, Paulo Dantas tem o desafio de mostrar que tem vida própria ou – como bem pontuou o jornalista Ricardo Mota, em seu blog – que ele é ele mesmo, e não um mero apêndice na gestão em que tem a obrigação de ser o timoneiro. 

Dantas precisará de mais do que as sinalizações de virtudes do politicamente correto, como o anúncio do amplo secretariado de mulheres por estratégia de marketing, para agradar a determinados setores ideológicos. 

Ele precisará ser mais do que um continuador da gestão do ex-governador Renan Filho. Além disso, em que pese a gratidão ter como devolutivas favores políticos, ser o governador de Alagoas e não o governador da Assembleia Legislativa. 

Numa eleição acirrada, caso Paulo Dantas vença os desafios, se tornará mais que um candidato competitivo. 

Caso falhe nessa missão que lhe foi outorgada em uma eleição atípica, será apenas o nome ungido, fabricado e escalado para que Renan Filho pudesse chegar ao Senado dentro de uma chapa com alguma substância, que promoveu as circunstâncias adequadas para a reeleição dos eleitores de Dantas: os deputados estaduais do MDB e os que orbitam ao redor do calheirismo. 

Agora é com Dantas.

As respostas dadas por suas ações dirão o que ele quer ser e o que ele é. Dirão ainda até que ponto o Executivo estadual será um governo para todos os alagoanos ou apenas um “tampão” favorável ao calheirismo no Estado.  

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