Como a teimosia de Marcelo Victor ajudou a adiar a eleição do tampão
Faz parte do jogo, é verdade, mas é difícil entender como uma Casa Legislativa que esfolou por 14 meses os servidores aposentados do Estado de Alagoas, agora proteste em nome da democracia quando o embate entre os envolvidos é de natureza política, antes de mais nada.
Lembro que nem um só aposentado entre os trabalhadores do serviço público foi ouvido sobre a famigerada reforma do AL Previdência – eis o que seria, de fato, uma prática democrática.
Lembro mais: o Legislativo, ainda que mais vulnerável às críticas, é também o mais democrático de todos os poderes.
O jogo agora, do adiamento da eleição do tampão, está sendo jogado no território das instituições. No caso em curso, no Judiciário.
É um exagero?
Pode-se até entender que sim. Mas exagerada também foi a teimosia do deputado Marcelo Victor, que, avisado a tempo do erro no edital que convocou a eleição do tampão não aceitou modificá-lo, argumentando infantilmente que iria até o fim.
Refiro-me especificamente à escolha em separado do tampão e do vice, o que o próprio ministro Gilmar Mendes (o que deve ser confirmado pelo pleno do STF) já afirmou que não pode e não deve.
Vários deputados a aliados do grupo governistas entenderam que a manter essa posição – eleição em separado – só daria munição aos adversários, e tentaram em vão convencer o presidente da Assembleia Legislativa.
Articulado e agregador com os seus pares, Marcelo Victor precisa aprender que é na divergência que se estabelece a democracia, ainda que ele considere que é um abuso político a pretensão da oposição.
Não pode, no entanto, dar razão ao chiste do genial Millôr Fernandes, que como chiste deve ser entendido:
“Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.”
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