O anúncio do aumento do preço da energia elétrica em maio, 19,88%, é estarrecedor para qualquer cidadão.
Objetivamente: a Equatorial vai tirar o couro dos alagoanos.
Ora direis: mas o aumento – não é mais reajuste – foi autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica, Aneel.
Eu vos direi, no entanto: as agências reguladoras são uma criação americana. A “captura” veio em seguida – ou seja: elas passaram a ser a capa protetora das empresas a que deveriam fiscalizar.
Aqui no Brasil, as tais agências ganharam corpo no governo de FHC, sob o argumento de que era preciso desinchar o Estado brasileiro.
Passaram, então, a inchar o bolso privado dos fiscalizados - ligeirinho.
O aumento da energia agora, ou o esfolamento autorizado legalmente do consumidor alagoano, é a sequência de outras “intervenções” nos bolsos dos cidadãos comuns e das empresas: 9,85% em 2020; e 8,62%, em 2021.
E chega logo após o fim da cobrança da taxa adicional, outra excrescência. Esqueçam, portanto, o princípio da modicidade tarifária.
“É de chamar polícia e médico”, como já cantou Chico Buarque. Mas, na verdade, é uma homenagem aos que defendem o monopólio privado – e é o caso – de bens essenciais como energia e água (monopólios naturais). Na prática é assim.
A Casal era ruim?
A BRK já se instalou em nosso território seguindo a mesma “lógica de mercado”: o povo que vá se catar e arranjar dinheiro para pagar a conta, se não...
A Equatorial - que teve um lucro de R$ 1,9 bi em 2021 - vai extraindo, com o punhal da legalidade, as tripas financeiras do consumidor local.
Lembremos um chiste de Umberto Eco, no ótimo Número Zero, numa analogia à troca do monopólio público para o monopólio privado.
Um barítono cantava no teatro lotado. Não suportando as vaias do público, resolveu abandonar o palco, mas antes avisou:
- Vocês vão ver o tenor que vem aí.
Para nós, o tenor já chegou.
………….
O que diz a Equatorial:
Nota informativa: Reajuste Tarifário Alagoas - 2022
A Equatorial Alagoas informa, que nesta terça-feira (26), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou o reajuste tarifário de 2022 para os clientes alagoanos, com efeito médio de 19,88% para o
consumidor. As novas tarifas passarão a vigorar a partir do dia 3 de maio e fazem parte de um processo conduzido pela Aneel, agência responsável por definir anualmente e manter atualizado o valor das tarifas das concessionárias de energia elétrica em todos os estados da federação.
Os itens que mais impactaram a correção foram os encargos do setor elétrico, os altos índices de inflação e os custos com a compra de energia, sobretudo durante a escassez hídrica. Nesse período, foi necessário acionar termelétricas, que geram energia a partir de fontes mais onerosas, como petróleo, carvão mineral e gás natural.
Segundo a Aneel, a combinação do reajuste com o término da cobrança bandeira escassez hídrica resultará em efeito médio tarifário de aproximadamente -2% para consumidores que pagavam a bandeira de escassez hídrica, encerrada no dia 16 de abril deste ano.
Vale ressaltar que, do percentual reajustado, apenas 3,46% fica com a distribuidora Equatorial Alagoas para operar e manter todo o sistema elétrico do estado e fazer os devidos investimentos necessários para melhoria da rede elétrica. Os encargos setoriais levam 14,73%, o transporte -2,64% e 4,33% vão para a compra de energia.
Confira abaixo os novos índices definidos pela Agência
Consumidores cativos
Baixa tensão Alta tensão Efeito Médio para o consumidor
20,13% 19,24% 19,88 %