A compra dos respiradores para os pacientes de Covid-19 foi feita pelo governo de Alagoas em abril e junho de 2020 - no momento em que a situação da pandemia era desesperadora. O tema voltou à mídia, hoje, graças à Operação Cianose, realizada pela PF.
Os 300 aparelhos nunca foram entregues – e não apenas a Alagoas, mas a todos os oito estados da região, que fizeram a aquisição pelo Consórcio Nordeste. Um tema que ainda não se esgotou e vai assombrar Renan Filho – ex-governador – durante a campanha, certamente.
Ainda que não tenha comprometimento direto ou má-fé do ex-governador ou da Sesau com o negócio - no que acredito - a questão retornará durante os próximos meses.
Houve prejuízo para os cofres estaduais?
Houve, sim, e os valores ultrapassaram os R$ 5 milhões até agora, considerando a devolução de parte do pagamento, que já foi feita, e o que ainda está aguardando por uma decisão da justiça.
E eis o busílis: enquanto o dinheiro não retornar à Fazenda Estadual, o tema não morre.
O que há de picaretagem nessa história?
Ainda está sob investigação da PF, mas não se pode acusar as vítimas do golpe de serem responsáveis pelo golpe. A questão é o desgaste político-eleitoral, que não parece evitável nesse momento.
A Operação Cianose, realizada hoje pela PF, ainda terá continuidade, mas cada passo dado faz o tema voltar à mídia.
Os pagamentos
Há de se destacar que os pagamentos ao Consórcio Nordeste foram feitos com recursos próprios, no caso de Alagoas - o que não apaga o prejuízo, mas justifica a ausência do tema específico na CPI da Covid-19, como chegou a cobrar com ênfase o deputado estadual Davi Maia.
Foram duas operações da Fazenda Estadual: a primeira, em 7 de abril de 2020, no valor de R$ 4.448.750, 00.
O segundo pagamento, de R$ 5.149.980,00, foi feito em 16 de junho do mesmo ano. Deste montante, Alagoas recebeu de volta até agora – em 16 de agosto de 2020 – R$ 4.662.571.78.
A diferença, explicaram ao blog o secretário da Fazenda, George Santoro, e Alexandre Ayres, que comandava a Sesau, então, se deveu à oscilação do valor do dólar, entre a compra dos equipamentos e à devolução da grana.
Há de ressaltar que o Estado de Alagoas foi o primeiro a judicializar a questão, inclusive cobrando na Justiça a empresa Hampcare, alvo da Operação da PF, e também o consórcio Nordeste – que chegou a gerar uma crise política com outros governadores da Região.
O deputado Davi Maia, que vem denunciado a compra/calote na Assembleia, cumpre o seu papel político, de deputado de oposição, mesmo quando passa do ponto. Mas faz um contraponto importante numa Casa que preza pelo silêncio e omissão – majoritariamente.
Lamento que o tema só tenha desfecho, seja na PF seja na Justiça, quando ninguém mais dele lembrar.
As consequências políticas, estas chegam mais celeremente.