Em Brasília, Rodrigo Cunha e Jó Pereira buscam ajustes para consolidar aliança

08/04/2022 11:48 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Depois da definição de mudanças de partidos, em função da “janela partidária”, o ex-tucano e senador Rodrigo Cunha (União Brasil) e a ex-emedebista e deputada estadual Jó Pereira (PSDB) buscam, em Brasília (DF), os alinhamentos para a montagem do palanque de disputa pelo governo do Estado de Alagoas, que terá o apoio do deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas).

 

Hoje, o palanque é Rodrigo Cunha candidato ao governo e Jó Pereira vice. Os dois já posam confortavelmente para fotografias e, entre sorrisos e encontros com lideranças nacionais, como a senadora Simone Tebet (MDB), demonstram total afinamento. 

 

Todavia, nos bastidores políticos, é falado de possíveis desentendimentos dentro da chapa. Muitos destes e função das posturas de Rodrigo Cunha. O senador alagoano tem uma afinidade natural com a deputada estadual Jó Pereira e vice-versa. Isso é inegável. Ambos já participaram de audiências públicas promovidas por um ou pelo outro, e há até uma convergência em algumas convicções e pautas. 

 

Agora, o ex-tucano, desde seu mandato na Assembleia Legislativa, sempre buscou construir a imagem da “nova política”, afastando-se, desta forma, dos caciques alagoanos. 

 

Na eleição estadual passada, por exemplo, Rodrigo Cunha disputou o Senado Federal de forma isolada, fazendo uma aliança apenas com o então deputado federal e candidato à reeleição (na época), João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Isso fez com que Cunha ignorasse a presença do Progressistas em sua chapa, que tinha como colega de disputa o ex-senador e atua prefeito da Barra de São Miguel, Benedito de Lira (Progressistas), o pai de Arthur Lira. 

 

Se o senador da “nova política” acredita que antes alguns caciques o maculavam, agora terá que explicar os novos rumos a seu eleitor...

 

Cunha – portanto – se agrada da aliança com Jó Pereira, mas evita maiores ligações com o grupo político de Arthur Lira: o bloco do qual Pereira faz parte. Agora, como cabeça de chapa é impossível afastar a associação com Lira e, evidentemente, com o fato do presidente da Câmara dos Deputados ser um apoio importante do presidente Jair Bolsonaro (PL). Rodrigo Cunha quer que seu palanque esteja associado ao que seria uma “terceira via”. 

 

Em recente declaração ao jornal Valor, o próprio Cunha disse que não abriria palanque a Bolsonaro e que isso seria uma responsabilidade do “grupo” do senador Fernando Collor de Mello (PTB). Ele diz isso como se Collor tivesse o tal “grupo” político. Fernando Collor de Mello sempre foi o “bloco do eu-sozinho”, moldando-se às circunstâncias, como fez ao se reeleger com o apoio do MDB do senador Renan Calheiros e do ex-governador Renan Filho. Hoje, Collor e Renan Filho são rivais. 

 

Collor até já quis estar no grupo de Lira, mas foi convidado a não “querer mais”. Sendo assim, o senador do PTB aposta as fichas no seu novo partido e no apoio de Bolsonaro para enfrentar mais uma eleição ao Senado contra o favorito, conforme as mais recentes pesquisas eleitorais, Renan Filho. 

 

Já Jó Pereira, que teve um mandato de destaque na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas e alcançou a posição que ocupa de forma natural, tendo até sida cotada como “cabeça de chapa”, tem dificuldade mais pragmáticas, como a possibilidade da candidatura a governo do Cidadania, encabeçada pelo jornalista e ex-deputado federal, Régis Cavalcante. 

 

Diferente de Cunha em muitos momentos, é possível discordar de Jó Pereira em muitas pautas, mas é possível saber o que ela claramente pensa sobre projetos para um governo e pautas a serem encabeçadas.

 

Voltando às dificuldades pragmáticas, uma delas é a seguinte: Cidadania e PSDB registraram, há seis dias, um pedido para federação. Caso ocorra, há uma verticalização automática que pode complicar a vida de Jó Pereira, já que ela agora é tucana. PSDB e Cidadania possuem até maio para firmar ou não essa federação.

 

Apesar dos entraves, as recentes postagens em redes sociais – de Jó Pereira e Rodrigo Cunha – passam um sentimento de tranquilidade quanto aos avanços das negociações para a chapa. Há uma busca para que o retorno a Alagoas seja marcado pelo entendimento, com todas as arestas aparadas. 

 

Quanto a Lira, diante da posição que ocupa nacionalmente e o desejo de ser reeleito não apenas deputado federal, mas presidente da Câmara dos Deputados, fica uma indagação: vai abençoar o palanque que abre espaços para a “terceira via”, como quer Rodrigo Cunha, tentará trazer Bolsonaro para o grupo, na busca pelos votos que são da direita ou terceirizará a missão do palanque bolsonarista? Uma pergunta a ser respondida...

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