“Federação é juntar novamente legendinhas e jacaré com cobra-d’água para ganhar eleição”, avalia Nonô

09/02/2022 12:31 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Um dos nomes do futuro União Brasil em Alagoas, José Thomaz Nonô (Democratas), fez críticas a possibilidade das federações partidárias nas eleições deste ano, em suas redes sociais. O assunto será travado em breve pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Na visão do ex-vice-governador do Estado, a federação acaba por ser uma ferramenta para auxiliar legendas nanicas que disputam espaços políticos em razão do fundo partidário. 

Nonô diz que as federações acabam indo de encontro ao que o Congresso Nacional decidiu recentemente, na reforma eleitoral feita, que visa privilegiar os partidos que consigam mais votos, reduzindo o número de legendas para combater a “sopa de letrinhas” que virou o cenário político brasileiro. 

De fato, muitos partidos são apenas ferramentas cartoriais do jogo fisiológico e/ou ideológico. Mas, por outro lado, vale lembrar que algumas federações envolvem legendas que nada possuem de pequenas, como o PT e o PSB. Ali, o interesse é outro: a hegemonia ideológica, a revitalização da estratégia das tesouras etc.

Nonô comentou o assunto diante da autorização para a fusão entre o PSL e o Democratas, formando o União Brasil, que – na visão dele – é o caminho correto. 

“Essa federação partidária, na minha maneira de ver, é a negação daquilo que a Câmara fez em um passado recente. O que é que aconteceu na eleição de vereador? De uma certa maneira se suprimiu a presença de partidos que não tinham representatividade, que vivem de fundo partidário. Tudo que foi votado no passado para que tivéssemos menos partidos, mas mais fortes”, colocou Nonô.

“Fusão é o caminho adequado. Federação, não”, complementa ainda o ex-vice-governador. Ele ainda complementa afirmando que as federações permitirão “juntar legendinhas ou casamento de jacaré com cobra-d’água, simplesmente para ganhar eleição. É um retrocesso. O Brasil não ganha nada”, finaliza.

Em Alagoas, Nonô passou o comando do Democratas (futuro União Brasil) para o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (União Brasil). 

Com todo o respeito que tenho por Nonô (e ele sabe disso, em razão das conversas que já tivemos, mesmo com algumas divergências de pensamento), eis que me permito  a seguinte reflexão: se por um lado Nonô critica o fisiologismo puramente eleitoral das federações (ainda que com outras palavras), é válido lembrar que o comando do partido ao qual faz parte tem agora como timoneiro um fisiologista, que busca uma ampla aliança na tentativa de fabricar uma candidatura ao governo e eleger o maior número de deputados estaduais possíveis, mesmo com poucos deles tendo convicções históricas associadas ao antigo Democratas (se é que ainda resta isso no Democratas!).

Logo, nas alianças postas em alguns partidos – pelo sabor das circunstâncias e cálculos eleitorais – há muito do fisiologismo em busca da simples vitória eleitoral; só não é uma federação, nem – evidentemente – visa salvar legendas nanicas, coisa que nem o Democratas e nem o PSL são atualmente. 

Todavia, na união dessas siglas há muito também de matemática eleitoral, talvez muito mais do que princípios que sirvam de norte a partidos políticos, que é coisa rara no cenário brasileiro. Não por acaso, no agrupamento de deputados estaduais que serão candidatos no União Brasil, em Alagoas, há também alguns quase jacarés e cobras-d´água...

Nas mãos de Marcelo Victor, de fato o União Brasil ganha musculatura eleitoral, mas perde completamente a identidade que um dia fez o Democratas ser reconhecido pela defesa de uma linha de pensamento. Mas, é do jogo!

Ah, e no caso da união entre PT e PSB é jacaré com jacaré, ou cobra-d´água com cobra-d'água mesmo! 

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