O que incomoda é a cadeira gigante ou o povo ao redor dela?

13/01/2022 15:19 - Filipe Valões
Por redação

Vida de gestor, municipal ou estadual, não é fácil. Se não faz, recebe cobranças. Se faz, logo aparece alguém pra botar defeitos. E as críticas, muitas vezes, são injustas e emitidas por aqueles que conhecem o dia a dia do Executivo, portanto, criticam “na maldade”.

O caso mais emblemático em Maceió, nos últimos dias, envolve um espaço de lazer na “República da Ponta Verde”, cujo propósito original, servir como um “ponto instagramável”, onde alagoanos e turistas podem fazer fotos e vídeos, acabou se tornando pivô de uma polêmica justamente nas redes sociais.

A cadeira de praia gigante, que automaticamente chama a atenção e cria descontração, é uma boa ideia para uma cidade cujo cartão postal são as praias. Seria preciso muita má vontade para encontrar algum problema aí. Pois encontraram. Especificamente, um político alagoano sem mandato, ocupando o cargo de secretário de Estado da Infra-estrutura de Alagoas, cismou de implicar com o novo ponto turístico de Maceió.

Maurício Quintella Lessa, que divide seu tempo entre a SEINFRA e os vídeos de culinária que posta no Instagram, surpreendeu a todos com um storie no qual apareceu transtornado, indignado, como falamos no dia a dia, PEGANDO AR, ao ver a tal cadeira gigante.

Ok, ninguém é obrigado a gostar da obra, críticas podem e devem ser feitas, mas… Foi algo desproporcional. Quintella Lessa parecia estar sendo motivado por algo mais do que a simples crítica. Politicagem, talvez? Ele sabe que a cadeira não prejudica ninguém, inclusive tem sido espaço de diversão para quem visita, motivo de alegria e orgulho para os maceioenses que estão vendo algo positivo repercutindo pelo Brasil e além, com selfies e stories.

Secretário, me perdoe a franqueza, mas o senhor não gosta de ver o alagoano feliz? Ou é o fato de ser um espaço democrático, aberto para ricos e pobres, sem discriminação, estar localizado na orla marítima da capital, que o incomoda?

Há muito tempo, sabemos que alguns moradores da orla se consideram “donos” da região, vivem a fantasia de serem a elite dominante de uma imaginária “República da Ponta Verde”. Ver uma área de lazer e diversão onde qualquer família, independente de sua condição financeira ou social, podem ter acesso e se distrair das lutas diárias, experimentando bons momentos, com certeza deve incomodar aqueles que acreditam que felicidade é direito somente dos ricos.

Se, a princípio, o piti de Maurício Quintella Lessa foi visto por nós como “muito barulho por nada”, agora, analisando melhor o incidente, podemos entender que representa muito mais. De um lado, temos alguém que nasceu em família abastada, ocupou diversos cargos graças aos votos da população, tendo sido também Ministro, estando agora na confortável condição de gestor em uma pasta estadual.

Ele ostenta sua alegria através dos vídeos onde se delicia com gastronomia e culinária.
Do outro lado, temos o povo. Que enfrenta perrengues de todo tipo pra garantir o sustento e encontra, em coisas simples, algum conforto e felicidade. Tipo fazer selfie em uma cadeira gigante na praia.

O secretário de infraestrutura de Alagoas expressou o sentimento daqueles que possuem muito, desfrutam do melhor e, por alguma razão inexplicável, não toleram que os demais, que possuem pouco ou quase nada, recebam a menor chance de ser feliz.

Melhore, secretário Maurício Quintella. E deixe quem está fazendo algo pelo povo, continuar trabalhando em paz.

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