Sem construir sucessor, o MDB de Renan Filho sente o peso da “fadiga do poder” que não deixa vácuo

06/01/2022 12:13 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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O futuro político do governador Renan Filho (MDB) é motivo até de apostas em rodas políticas: o emedebista será candidato ao Senado ou permanecerá no governo? 

Obviamente, o chefe do Executivo estadual acalenta o sonho de disputar o Senado Federal nesse ano. 

Todavia, depende muito das circunstâncias a serem avaliadas. 

Aquele que seria um líder natural de um grupo, pela posição que ocupa, não conseguiu construir um nome para a sua sucessão e agora fica ao sabor de articulações lideradas por terceiros, como o fisiológico deputado estadual Marcelo Victor (Solidariedade) que, ao observar que poder não deixa vácuo, tem conseguido fabricar um candidato ao governo do zero: o deputado estadual Paulo Dantas (MDB). 

É algo que o governador não conseguiu.

Assim, Renan Filho ficou solitário e dependente de costuras políticas que viabilizem um sucessor para que ele mantenha o apoio do Executivo caso seja candidato ao Senado Federal.

Há meses entrevistei a deputada estadual Jó Pereira (MDB) sobre a condição do governador Renan Filho no processo político. Pereira foi enfática e até profética: “o governador é um líder solitário”. 

É isso!

Porém, tal condição não vem de agora, mas de um MDB que alcançou o topo e sente a fadiga por não ter se renovado, por não ter permitido que nomes fora de um clã também tivessem vida orgânica na agremiação.

O MDB se resumiu a dois pilares – Renan Filho e o senador Renan Calheiros – que sacrificaram ou atrapalharam planos de muitos de seus aliados. Pela força que ambos (pai e filho) ainda possuem, é claro que tais “aliados” não dizem isso abertamente. 

Todavia, é certo que alguns “aliados” guardam mágoas. Não duvidem: entre os que hoje estão ao lado do governador, há muitos que pulariam do barco caso Renan Filho resolva ser candidato de qualquer jeito. Afinal, para alguns seria “o troco”.

Na estrada do MDB alagoano rumo ao poder, houve ex-governador que teve a carreira política quase sepultada; houve deputado federal que levou rasteira ao dormir candidato ao Senado Federal e acordar tendo que disputar a reeleição; houve vice-governador que teve que pular do barco ao perceber que não teria o futuro esperado dentro do grupo; enfim... 

Não é difícil achar aqueles que se aproximaram do MDB e foram iludidos (ou se iludiram sozinhos) a almejar um voo maior, mas foram abatidos na decolagem. Então, se Renan Filho for disputar o Senado Federal sem apoio do Executivo estadual, ele corre até o risco de não ter apoio por parte dos prefeitos que politicamente sempre estiveram com ele. 

Na perspectiva de uma união com o deputado estadual Paulo Dantas (MDB) como candidato ao governo do Estado, Renan Filho apenas garante ter ao seu lado o próprio Executivo. Com isso, um lugar em um palanque mais confortável, com uma cabeça de chapa que dispute o governo defendendo o legado da gestão do MDB. 

E o governador sabe que não faria sentido não ter o Palácio República dos Palmares ao seu lado. O presidente da Assembleia, Marcelo Victor (Solidariedade), também sabe. 

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