O Portal CadaMinuto divulgou, na manhã de hoje, o resultado de uma pesquisa eleitoral feita pelo Ibrape em que é avaliado um cenário de disputa pelo governo estadual, de forma estimulada, com os nomes do senador Rodrigo Cunha (MDB) e dos deputados estaduais Paulo Dantas (MDB) e Jó Pereira (MDB).

O primeiro ponto a destacar é exatamente o posto no parágrafo acima: o cenário é estimulado.

Ou seja: são medidos, nesse momento, apenas os nomes colocados pelo Instituto.

Isto por si só traz uma limitação, pois há outros nomes cogitados nos bastidores, como o do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), e o do secretário estadual de Segurança Pública, Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB), dentre outros.

Por outro lado, o raciocínio do Ibrape está correto. Como JHC e Cunha fazem parte de um mesmo grupo, caso não rompam a aliança até lá, a candidatura de um significa a exclusão da do outro. O mesmo raciocínio se aplica a Dantas, caso esse permaneça no MDB, já que a sigla comandada pelo senador Renan Calheiros e pelo governador Renan Filho não teriam dois candidatos. É mais provável que Gaspar de Mendonça dispute uma cadeira do Legislativo, seja estadual ou federal.

O leitor pode indagar: “Mas Jó Pereira também é do MDB?”.

Sim, oficialmente ela é.

Todavia, o grupo dos Pereiras transita tanto no MDB quanto no Progressistas do presidente da Câmara dos Deputados, o deputado federal Arthur Lira. Além disso, a postura de Jó Pereira em relação ao governo Renan Filho faz dela uma “coringa” para composições futuras ou até mesmo para uma candidatura ao Executivo fora do ninho emedebista, já que possui “janela” para a mudança. Logo, a candidatura de Dantas não exclui a de Jó.

Então, se por um lado o cenário resumido apresentado pelo Ibrape pode ser questionado por ter poucos candidatos; por outro lado, é uma apresentação de algo possível, factível a depender das circunstâncias.

Dito isso, ao olharmos os números da pesquisa, e levando em consideração que seja a fotografia do momento, o senador Rodrigo Cunha cresce sem a presença de JHC e passa a liderar com 30% das intenções de votos.

A surpresa é a segunda colocação: Paulo Dantas. O índice de 18% mostra que o parlamento estadual – em um processo liderado pelo presidente da Casa de Tavares Bastos, Marcelo Victor (Solidariedade) – tem tido um considerável êxito na fabricação de um candidato a partir do zero, já que Dantas nunca antes havia sido cogitado para esse papel, mas foi elevado à missão pelo grupo de deputados comandados por Marcelo Victor.

O nome de Paulo Dantas pode ainda agradar aos palacianos e ser o “elo” para a aliança entre Marcelo Victor e o governador Renan Filho, abrindo – desta forma - espaço para uma chapa em que o chefe do Executivo estadual concorra ao Senado Federal.

Óbvio, 18% não é o suficiente para ganhar uma eleição, mas o Executivo e o Legislativo podem se unir nessa empreitada. Assim, mesmo que Danta seja segundo colocado, Renan Filho teria um palanque dito competitivo para concorrer ao Senado sem perder o apoio da máquina pública, já que teria que deixar o governo. Se dará resultado ou não, aí é com a história.

A terceira colocada é Jó Pereira. A parlamentar tem um perfil próprio que, por vezes, até destoa do grupo ao qual ela faz parte. A deputada estadual, como já dito, é uma “coringa” no jogo por conta de ser um nome leve, ter bandeiras características e poder ser uma força que agrega. Daí já ter sido cogitada como vice tanto de Rodrigo Cunha como de Paulo Dantas.

Todavia, ao falar sobre o assunto, Jó Pereira diz que não é candidata ao Executivo nem a vice de ninguém “nesse momento”.

Agora, assim como Dantas, ela alcança um resultado expressivo, pois nunca se disse candidata e não é o nome escolhido nem pelo parlamento, nem pelo Executivo e, obviamente, nem pelo grupo da Prefeitura de Maceió. Claro, Jó Pereira também não é uma terceira via, já que o grupo político do qual faz parte consegue navegar com um pé em cada canoa. Coisas da política alagoana…

No segundo turno, segundo o Ibrape, Rodrigo Cunha venceria Dantas. O primeiro teria 33% e o segundo 19%.

Cenário aberto

No entanto, caros leitores, há ainda um “cenário aberto”. Afinal, a fotografia de momento mostra que, diante desses nomes apresentados na pesquisa estimulada, há 28% de indecisos e 20% de pessoas que, ao se depararem com o trio citado, votariam branco ou nulo.

A soma disso é 48%. É mais do que o percentual do primeiro colocado, seja na análise de um possível primeiro ou segundo turno.

Para qual lugar os indecisos migram? Surgirá alguém que captará esse sentimento de rejeição que produz uma alta soma de brancos e nulos? São perguntas que a história responderá.

De acordo com o Ibrape, foram ouvidos dois mil eleitores em 44 municípios de Alagoas, entre os dias 30 de outubro e 02 de novembro. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro é de 3% para mais ou para menos.