A baixa qualidade na educação básica e a concorrência desleal gerada pelos aplicativos de hospedagem foram algumas das queixas apresentadas por lideranças empresariais dos setores do Comércio, Serviços e Turismo ao senador Fernando Collor (PROS), ontem, em reunião na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL).

Os empresários alegam dificuldade em encontrar mão de obra qualificada e isso não decorre da falta de iniciativas ou cursos especializados que contribuam para a capacitação destes profissionais, mas sim da formação deficiente no processo educativo que faz com que haja limitação na compreensão do ensino repassado. Com isso, o atendimento ao cliente acaba sendo prejudicado, principalmente em tempos em que a tecnologia avança e o nível de exigência do consumidor também.

Embora esta seja uma percepção dos vários setores, o Turismo é o que mais tem sido impactado. Para se ter uma ideia, um levantamento realizado em 2018 pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Alagoas (ABIH AL) – e que deve ser retomado pós-pandemia – constatou que, à época, dos 25 mil colaboradores formais no setor, somente três possuíam mestrado, 4,49% tinham curso superior, 2,44% superior incompleto, 64% ensino médio e 10% nível fundamental.

Outro ponto levantado pelos presentes foi a pesada carga tributária, uma vez que a atuação comercial empresarial é abrangida por mais de 50 tributos. “Estamos sempre buscando entendimento para melhorar o ambiente das empresas, principalmente na área tributária. Hoje, o empresário está a todo tempo fazendo e refazendo contas e procurando formas de pagá-las”, disse o Gilton Lima, presidente da Fecomércio.

Para o senador, a redução da carga tributária e o aumento dos investimentos na qualificação da mão de obra são demandas importantes para a retomada econômica. Collor lembrou que o Brasil, em novembro, terá o leilão para a concessão do 5G, tecnologia que irá proporcionar uma conexão de internet móvel mais rápida, ágil e econômica. “É uma revolução, no meu entender, civilizatória. É impressionante o que isso vai mudar nos padrões de consumo, nos padrões da relação do comércio com a vinda dessa inovação fabulosa que é essa tecnologia 5G”, observou, complementando que os empresários deverão ter a capacidade de se adaptar a essa nova realidade, que deve transformar também as relações de trabalho, uma vez que se estima, por alto, que das 1.000 profissões existentes, 500 devem desaparecer, dando lugar a novas. Some-se a isso o fato de o trabalho em home office estar ampliando espaço.

O fortalecimento do Sistema S, a situação das empresas nos bairros afetados pela atividade mineradora e a infraestrutura da capital foram outros assuntos debatidos, mas que devem ser aprofundados em um documento que está sendo elaborado pela Fecomércio para condensar as demandas das entidades presentes e repassá-las ao senador. Além das entidades já citadas, participaram representantes do Sesc AL, Senac AL, Sebrae, ASA, CNIA, Sirecom AL, Sincofarma AL, Sindibeleza e empresários.