O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que, a partir de setembro, começará a aplicação da terceira dose da vacina contra a Covid-19. Em Alagoas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que segue as orientações do Ministério da Saúde (MS), aguarda alteração oficial do Plano Nacional de Vacinação e o envio dos imunizantes para iniciar a recomendação. Segundo a médica infectologista, Luciana Pacheco, a dose de reforço é segura.
Ao Cada Minuto, a especialista afirma que não há nenhum risco na terceira dose para quem já foi imunizado com a vacina CoronaVac. “Foi realizado um estudo na China mostrando que, após 6 meses da vacinação inicial, um reforço com a Coronavac aumentou o título de anticorpos neutralizantes, impedindo que o vírus entre na célula humana em cerca de 10 vezes. Sem nenhum aumento de efeitos colaterais”.
Porém, ela acrescenta que essa resposta imune é maior quando se usa uma vacina diferente daquelas doses iniciais, como, por exemplo, com a Pfizer e AstraZeneca.
Em seu anúncio, o ministro Queiroga informou que o imunizante para a dose de reforço será a Pfizer. A escolha, segundo Luciana, é devido aos estudos de eficácia, nos quais esta vacina apresentou maior capacidade de proteger contra as infecções assintomáticas, sintomáticas e graves, que levam à hospitalização e aos óbitos.
A infectologista explica que pesquisas indicam uma redução de efetividade das vacinas em idosos e pessoas imunossuprimidas, tanto com a Pfizer, como a Coronavac. “Um estudo feito no Brasil pela Fiocruz [Fundação Oswaldo Cruz] mostra uma redução de efetividade da Coronavac em maiores de 70 anos para proteger de infecções leves, hospitalização e óbitos. Então, a prioridade agora devem ser os idosos”.
“No segundo momento, provavelmente, os imunossuprimidos e os profissionais de saúde devem ser vacinados, até que se inicie a redução da faixa etária para 60 anos da população. Os estudos devem orientar o Ministério da Saúde e precisa também ter vacinas para isso tudo”, declara a especialista.
Luciana alerta que, devido ao histórico recente, a terceira dose não será suficiente para combater a disseminação da variante Delta do coronavírus no Brasil. “A variante veio mudar a ideia de que poderíamos controlar a transmissão do vírus com a vacinação em massa e atingir uma taxa de imunização de cerca de 70% a 80% da população”.
“Em países onde já se atingiu uma grande quantidade de pessoas vacinadas os casos continuam ocorrendo. Ainda bem que sem repercussão na hospitalização e óbitos, mas mostrando que as pessoas vacinadas com 2 doses podem ser contaminadas e transmitir o vírus”, informa.
Ela acredita ser necessário um esforço mundial para que mais de 90% da população seja imunizada, mas “isso está muito longe de acontecer, então as medidas de proteção precisam ser estimuladas ainda mais, mesmo nas pessoas vacinadas”.
A médica também ressalta que não é interessante adiantar a imunização, pois os estudos nos quais as doses tiveram um intervalo maior - em torno de 8 semanas- mostraram uma resposta melhor do sistema imune à segunda dose.
*Estagiária sob supervisão da editoria