A insatisfação com a falta de diálogo com o Executivo tem sido uma constante na Câmara Municipal de Maceió. Não é algo de bastidor, mas sim presente nas entrelinhas de muitos dos discursos de ontem, no retorno das atividades Legislativas. E isso já ocorria anteriormente, em diversas sessões, no primeiro semestre.

Alguns discursos de edis – sejam da oposição, independentes ou até da bancada do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PSB) – reclamavam da ausência de respostas para simples indicações, requerimentos ou ofícios que buscam maiores informações de pastas do Executivo, para que os vereadores possam responder as suas bases.

Bem, essas eram as reclamações que poderiam ser expostas em plenário. Se há algo mais, como cargos a serem ocupados etc, aí é outra longa história...

Em tese, essa interlocução entre os Poderes já deveria existir. Afinal, o Executivo municipal possui secretário de Governo, Francisco Salles, justamente para estreitar esses laços. Não por acaso, ele e o prefeito foram peças fundamentais para eleger a primeira Mesa Diretora da Casa, montar a ampla bancada governista, dentre outras ações.

Porém, tudo foi se desgastando ao ponto disso ficar visível na sessão em que os edis – por maioria – derrubaram muitos dos vetos do prefeito, deixando clara a insatisfação que já rondava os bastidores.

Além disso, há o trabalho do líder do governo Siderlane Mendonça que tem buscando responder aos pares como pode. No entanto, há uma reclamação quase que generalizada da dificuldade de se obter informações junto ao Executivo. Mendonça, em que pese se esforçar e cumprir seu papel nas sessões, não é o Executivo.

Resultado: as reclamações recaiam sobre a secretaria de Governo. E olhe que, no caso do titular da pasta, se trata de alguém que foi vereador, foi reeleito e deixou a Casa de Mário Guimarães para justamente assumir o papel de interlocutor político.

JHC parece ter ouvido os vereadores. Por essa razão, no retorno dos trabalhos legislativos, Siderlane Mendonça “apresentou” aos edis Patrick Correa, que é assessor executivo do prefeito. Na realidade, Correa já é conhecido dos legisladores e já estabeleceu uma linha de conversação, inclusive com os opositores. Ele já construiu um bom trânsito na Casa de Mário Guimarães.

De bom trato, antenado com as pastas do governo municipal, Correa construiu uma relação profissional. Patrick Correa pode não resolver o problema, mas nunca deixa aquele que está esperando sem resposta. Isso já gerou uma certa confiança com a nova ponte estabelecida, corrigindo uma falha política da gestão de JHC.

Ponto para o prefeito!

A decisão do prefeito foi elogiada até mesmo pela oposição, como foi o caso de Joãozinho (Podemos). Aliás, Joãozinho não perdeu nem a oportunidade de alfinetar a gestão de JHC e chamou – em seu discurso – Patrick Correa de secretário. Nas entrelinhas, é como se dissesse: pode não ser o secretário de Governo de direito, mas na relação com a Câmara de Maceió será o de fato.

A presença de Patrick Correa foi tão comemorada na Casa de Mário Guimarães que ele dividiu holofotes – sentado na Mesa Diretora – com o senador Fernando Collor de Mello (PROS), que também participou da sessão de ontem.

Para demonstrar uma nova fase de interlocução com o Legislativo, o próprio JHC compareceu à sessão ordinária.

Em todo caso, a função para qual Patrick Correa foi designado é uma prova viva de que a estrutura montada para essa interlocução, no primeiro semestre, falhou ao ponto de desgastar politicamente, dentro do parlamento-mirim, o secretário Francisco Salles.

Correa chega para apagar incêndios, fornecer respostas às críticas, viabilizar demandas e, evidentemente, buscar agradar (dentro do possível) a bancada governista. Vale lembrar: há demandas que ganham os holofotes, mas há também as que não ganham…

JHC parece ter acertado. Resta saber se haverá ciúmes dentro da própria gestão municipal. Afinal, querendo ou não, o prefeito esvazia uma das funções de um secretário que era tido quase como um “primeiro-ministro”.