O governo federal prorrogou o Auxílio Emergencial por mais três meses após o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Cidadania, João Roma, assinarem decreto nesta terça-feira (06). O benefício acabaria em julho e, agora, será pago também nos meses de agosto, setembro e outubro. As parcelas irão variar entre R$ 150 a R$ 375, conforme composição familiar.

Ao CadaMinuto, o economista Cícero Pericles Carvalho afirma que a medida é positiva, pois a conjuntura atual é marcada pelo desemprego, inflação alta e permanência da pandemia. 

“Esse recurso vem ajudar financeiramente o grande universo de pessoas que estão em dificuldade em relação ao mercado de trabalho. São 250 mil desempregados em busca de um posto de trabalho, 280 mil pessoas desalentadas, que desistiram de procurar emprego, e mais 130 mil pessoas que trabalham em tempo parcial”, esclarece.

De acordo com o economista, esse benefício serve como complemento para as famílias que estão sendo mais atingidas pela inflação, principalmente as de baixa renda. “Neste último ano, o custo de vida para as famílias de até 2 salários mínimos subiu mais que a inflação oficial”, destaca Cícero.

Ele explica que isso ocorreu devido ao aumento nos preços dos alimentos, combustíveis, principalmente o gás de cozinha, energia, remédios e outros itens básicos, que estão com os preços muito mais elevados. Isso retirou o poder de compra da renda familiar. 

Cícero Pericles Carvalho

“Ainda estamos atravessando a terceira onda da Covid, com baixa taxa de vacinação, o que limita o movimento da população e justifica a permanência das restrições nas atividades econômicas”, aponta.

O especialista acredita que o benefício será investido em setores específicos. “Sempre que a renda pessoal ou familiar sobe um pouco, como é caso dos que recebem o Auxílio Emergencial, o destino desse aumento é a aquisição dos bens mais importantes para a família, numa ordem mais ou menos conhecida: alimentos, remédios, transporte, ou para o pagamento de compromissos como conta de energia e aluguel”, afirma Carvalho.

Segundo Cícero, serão 180 milhões de reais investidos a cada mês, o que, nos próximos três meses, renderão R$ 540 milhões para os 717 mil beneficiários alagoanos. “Neste caso, o auxílio vai todo para o setor de serviços e comércio, principalmente aqueles negócios que atendem o público de baixa renda, os segmentos C, D e E, movimentando os mercadinhos, farmácias, lojas e feiras populares”.

O economista também fala sobre a redução nos valores do auxílio que foram pagos em 2021 com relação ao ano anterior. “O Auxílio voltou com um recuo no valor do benefício, no número de parcelas mensais e no grau de cobertura. São 717 mil pessoas que estão recebendo, contra 1,2 milhão no ano passado”.

“Os valores do benefício ficaram entre R$150 e 375 reais, quatro vezes menos que no ano passado, quando as parcelas variavam entre 600 e 1200 reais. Os efeitos são claros, o impacto tem sido bem menor na renda familiar e no consumo de bens populares”, comenta Péricles.

“Apesar dessas reduções, o Auxílio Emergencial, tal como o Programa Bolsa Família, mesmo sem a força e a presença apresentadas no ano passado, continuam sendo importantes como complemento de renda dos mais pobres e para os setores econômicos que atendem a parte majoritária da população”, finaliza.

*estagiária sob supervisão da editoria