Uma iniciativa do deputado estadual Sílvio Camelo (PV), líder da bancada do governo, e da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL) promoveu uma reunião híbrida, ontem (07/07), entre as entidades representativas do setor de bares, restaurantes, lanchonetes, foodtrucks e similares, as Câmaras Empresariais da Federação e a Desenvolve - Agência de Fomento de Alagoas. O objetivo foi esclarecer dúvidas sobre a linha de crédito ofertada pelo governo a estes segmentos.
Com dificuldades de fluxo de caixa, o setor vem lutando para equilibrar as contas e, segundo as lideranças empresariais, em que pese a linha de crédito trazer uma perspectiva positiva, o processo de análise documental para habilitação do crédito passa do prazo de 20 dias estipulado pela própria agência. A situação está tão comum que existem empresas que aguardam há mais de 90 dias por uma resposta.
O programa foi lançado no dia 12 de março, tendo os três primeiros créditos liberados no dia 21 daquele mês. Porém, a ausência de um sistema operacional, já que o processo de análise continua manual, somada à alta demanda contribuíram para essa demora no tempo de resposta às empresas. “Falhas evidentemente aconteceriam. Nós saímos de 100 atendimentos por semana para 30 mil nos primeiros 15 dias”, disse Humberto Lira, presidente da Desenvolve. Segundo informou, até o momento, dos R$ 45 milhões destinados ao programa, R$ 8,3 milhões foram distribuídos entre 3.034 MEIs e outros R$ 8,1 milhões entre 281 MEs. A estimativa é que o restante do valor seja exaurido até outubro. Ainda de acordo com Lira, foi contratada uma empresa de tecnologia e a previsão é de que, a partir de 28 de julho, um software ajude a agilizar esse trabalho.
O presidente da Fecomércio, Gilton Lima, agradeceu a disponibilidade dos representantes do governo esclarecerem as dúvidas e defendeu que o diálogo, por meio da aproximação entre os empresários e a Desenvolve, é o caminho. “Que possamos sair mais maduros no sentido de descobrir alguns gargalos que poderão estar acontecendo para, a partir de hoje, serem sanados”, falou.
Visão empresarial
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – seccional Alagoas (Abrasel AL), Eutímio Brandão, lembrou que o segmento vem há 16 meses com restrições nos horários de funcionamento (oscilando entre restrições parciais ou totais) e, como consequência, 72% dos estabelecimentos vêm trabalhando no prejuízo. “Nós somos um dos setores mais afetados com a pandemia. Nosso produto é um produto perecível. Quando a gente não vende, além de não estar auferindo receita, a gente está estragando a matéria-prima que a gente oferece”, observou, acrescentando um balanço realizado pela entidade apontou que 56% dos associados que solicitaram o crédito ainda estão sem resposta.
“Em um programa que o governo se preparou com boas intenções, teria que, no mínimo, zelar pela rapidez e agilidade. Para uma ferramenta que é para ser emergencial, quatro meses é muito tempo para quem está na necessidade do amanhã, do pão de cada dia”, pontuou Thiago Pontes, presidente da Câmara Empresarial dos Foodtrucks da Fecomércio e representante da Associação de Foodtrucks, ao lembrar que o programa do governo foi lançado em março. Como empresário, ele que também solicitou a linha de crédito, mas até o momento não teve nenhum retorno, nem mesmo uma ligação para dizer se está faltando documentação.
Acompanhando a conversa como representante do governo, o deputado Sílvio Camelo ressaltou que se há alguma pendência, é preciso comunicar ao empresário para que ele possa suprir ou não. “A parte burocrática a Desenvolve tem que conferir para possa orientar e solucionar. Além desse recurso que foi aprovado pela ALE, podemos, com os dados que nós temos, tentar mais recursos para ampliar cada vez mais essa linha de crédito”, enfatizou.
Citando uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) como Sebrae, em 2020, a qual apontou que os empreendedores negros foram mais afetados pelas restrições de circulação de pessoas e que estes, ao recorrerem a instituições bancárias para o acesso a crédito têm taxa de recusa maior, mesmo sendo um valor 26% menor do que o solicitado por empreendedores brancos, o presidente da Câmara de Afroempreendedores da Federação, Jonathan Silva questionou se há uma política direcionada de crédito para o empreendedor preto. “Acho que seria viável e plausível a Desenvolve observar fazer esse recorte racial visto que existem essas problemáticas”. Sobre isso, o gestor da agência de fomento disse que o programa é para todos, sendo analisados os CPFs e CNPJs inscritos, não as etnias.
Também participaram da reunião representantes do Sebrae AL, da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), do Sirecom, do Sindilojas União dos Palmares e da Câmara dos Centros de Formação de Condutores.










