Para discutir temas como a profissionalização de carreira dentro do mundo dos games, formalização de negócios, comunidades, financiamento para jogos e outros assuntos ligados à área, mostrando que é possível viver de games, o Sebrae Alagoas iniciou na noite da última quarta-feira (30) o evento Start Games Alagoas. Totalmente online e gratuito, o Start Games seguiu com sua programação na quinta-feira (dia 1º) trazendo painéis com especialistas sobre o mercado de jogos, desenvolvedores e palestrantes do setor.

No primeiro dia, o Painel 1 - ‘A Profissionalização e a Carreira de Games’ contou com as participações de Rodrigo Motta, diretor criativo da Kaipora Digital; Pam Silva, presidente da Associação das Desenvolvedoras de Jogos de Pernambuco (Playnambuco), e Gabriella Barros, desenvolvedora de games, alagoana formada em Ciência da Computação pela UFAL, com mestrado na UFPE, doutorado pela Universidade de Nova York e pesquisadora em Inteligência Artificial.

No painel, que teve como moderadora Ivelise Fortim, sócia da Homo Ludens Research & Consulting, os participantes contaram um pouco de suas jornadas até a profissionalização na área, dando dicas de formação e de inserção no mercado.

A primeira a compartilhar sua história foi Pam Silva, que também é game design da Manifesto Games e organizadora de game jams, encontro de desenvolvedores que buscam criar um jogo em um curto espaço de tempo. Graduada em Engenharia, ela ressalta que não existe um padrão convencional para ingressar na carreira, mas, assim como em outras, é necessário dedicação, estudo e trabalho.

“O que existe em comum entre todos é o ‘correr atrás’ e fazer jogos. Antes, trabalhei com arte e ilustração editorial e manual. Passei um tempo repensando a minha carreira, fazendo freela, até me encontrar na área dos jogos. Trabalhei em pesquisa sobre games, publicando artigos e fazendo jogos para a área de educação e me apaixonei de vez. Nesse tempo também comecei a participar das games jams e saí da teoria e fui para a prática. Vi que era isso que eu queria para minha carreira”, afirma.

Já Rodrigo Motta, além de diretor criativo de uma empresa de design de software, também é professor e coordenador do curso superior de Jogos Digitais da Unifacisa. Vindo do design, ele se envolveu ainda mais no desenvolvimento de games a partir do mestrado em Design de Artefatos Digitais pela UFPE.

Apaixonado por games desde criança, começou na carreira trabalhando de graça fazendo a testagem de jogos até se tornar game design. Por ser professor da área, é bastante interessado em assuntos como empregabilidade e destaca que participar de game jams pode ser um começo interessante para construir bagagem e ter oportunidades em várias funções.

“Essas jams são muito importantes. Várias equipes são contratadas pelas empresas em eventos assim. Entrar no mercado de games não é tão óbvio como é em outras profissões e áreas como Direito ou Engenharia Civil. Quem se forma nessas áreas já sabe o que fazer para entrar no mercado. No mundo dos games, isso não é tão óbvio. Antes, eu via que meus alunos queriam se formar e já fazer o ‘God of War’ no outro dia de formado. Mas é preciso ter em mente que é muito mais fácil se empregar como artista e programador do que como game design”, pontua.

Rodrigo Motta ainda enfatizou algumas dicas, como montar portfólio de jogos, se preparar bem estudando a área e mapear as empresas desenvolvedoras para mandar currículo.

No evento, o universo dos games se mostrou uma área multidisciplinar, abraçando profissionais de formação acadêmica bem diversa. Seja profissionais do Marketing, do Design ou Tecnologia da Informação, o universo dos games conta com ‘producers’, programadores, diretores executivos, game design, profissionais de UX e da área de negócios, ‘community managers’, profissional de QA (Quality Assurance – game tester) e escritores da área.

O profissional também pode encontrar oportunidades na academia, e a alagoana Gabriella Barros mostra que tudo pode começar com um simples hobby na internet.

“Tudo começou como hobby. No Orkut existia uma comunidade de games e eu fui moderadora lá, passava o meu tempo livre, mas não achava que poderia ser uma carreira. Eu fazia uns projetos de pesquisas sobre jogos, mas queria empregos em outras áreas de TI. Fui estagiária de uma empresa por dois anos e eles me rejeitaram para uma vaga de Junior. Aí fui fazer doutorado. Foi lá que tive contato com professores que tinham uma startup na área de games e eles me ofereceram um emprego. Foi a mistura do hobby, esforço, sorte e o networking”, afirma Gabriella Barros.

A moderadora do painel, Ivelise Fortim, também lembrou que muitas empresas da área contam com uma estrutura de empresas demandando profissionais de outros setores. “Muitas dessas empresas, principalmente as maiores, têm o RH, têm psicólogos, têm contador para fazer a folha de pagamento, marketing, contratam empresas de consultorias para acessar editais, enfim, envolvem setores com diversas carreiras possíveis dentro da área”, conclui.

Como formalizar o meu negócio de games

O Painel 2, ‘Como formalizar o meu negócio de games’, teve entre os palestrantes convidados Danielle Abreu, analista no Sebrae/MA, Daniella Galvão, sócia responsável pela área de Direito Tributário do escritório CQS/FV Advogados, e como moderadora, Débora Lima, analista da Unidade de Competitividade e Desenvolvimento do Sebrae Alagoas.

Daniella Galvão falou sobre a tributação, estruturação jurídica e as vantagens de abrir uma empresa formalizada na área de games, abordando os portes empresariais, como o Microempreendedor Individual (MEI) e tipos societários como Eireli, sociedade unipessoal, sociedade limitada, sociedade anônima e sociedade de propósito específico. Ela também reforçou a importância da mobilização dos desenvolvedores para a criação de um código próprio da atividade dentro da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

Já Danielle Abreu abordou ações do Sebrae Maranhão em relação à rede criativa e ao segmento dos games, trabalhando técnicas de networking, como entrar bem em uma negociação, modelagem de negócios para empresas de jogos, mercado e inteligência de negócios.

De acordo com Heitor Barros, analista da Unidade de Soluções e Inovação (USI) do Sebrae Alagoas, a iniciativa do Start Games é fundamental para incentivar a área.

“Enxergamos um potencial enorme para esse setor em Alagoas. Só nesse evento, tivemos mais de 300 inscritos. Estamos felizes com esse resultado. Por isso, é cada vez mais importante falar sobre a profissionalização e essa carreira dos games. Esperamos que isso possa ser bem proveitoso para todos. Somos gratos aos parceiros, como o Sururu Valley, que está atuando na reativação do ecossistema, e também a Abragames e ao Homo Ludens”, finaliza.

Atendimento remoto

A equipe do Sebrae está mobilizada para atender as demandas dos empresários, que também podem contar com a estrutura de cursos online e gratuitos do portal EAD Sebrae com mais de 100 opções de cursos, basta acessar https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/cursosonline.

O empresário pode entrar em contato com a instituição pelos canais remotos e digitais, como o portal sebrae.com.br/alagoas, telegram t.me/sebraealagoas, whatsapp e Telefone 0800 570 0800, chat e e-mail fale.sebrae.com.br, instagram @sebraealagoas, twitter @sebraealagoas, facebook /SebraeAlagoas, youtube @sebraealagoas e o linkedIn Sebrae Alagoas.