Alexandre Ayres: uma candidatura em busca de consolidação e da decisão de um “líder solitário”

02/07/2021 10:46 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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De acordo com informações publicadas recentemente na Coluna Labafero, o secretário de Saúde, Alexandre Ayres, já se movimenta na busca de se consolidar como possível candidato ao governo do Estado de Alagoas.

Entretanto, a única possibilidade de Ayres é se ele for o nome sucessor do atual governador Renan Filho (MDB), o mesmo chefe do Executivo que – até aqui – nunca se preocupou em construir sucessor algum.

Afinal, como tão bem definiu Jó Pereira: é um líder solitário que abriu o vácuo de lideranças em Alagoas, mesmo com uma boa avaliação de gestão.

Ayres – ainda segundo informações da Labafero – deve adotar uma estratégia singular: tentar trabalhar a pré-candidatura, desde cedo, por meio de um apelido: “Xambinho”.

O atual secretário de Saúde não tem pontuado bem nas recentes pesquisas de intenção de votos. Mesmo sendo um dos protagonistas nas ações de combate à pandemia em Alagoas, estando sempre ao lado do governador nas coletivas de imprensa, anúncios ou em uma série de entrevistas “solo”, o secretário não alcança sequer dois dígitos.

Claro que há o fator de não ser um político testado nas urnas, de ser menos conhecido que os concorrentes, mesmo diante da visibilidade que tem tido. Romper essa barreira e atingir pelo menos dois dígitos percentuais para se tornar viável é um desafio por si só, diante das circunstâncias e da atual conjuntura.

Se de um lado, há os apoiadores das medidas restritivas e os feitos do governo do Estado na área da Saúde, como o é o caso da construção de hospitais, do outro pesará sobre Ayres as críticas em relação às próprias restrições impostas ao comércio e todo o ônus de representar o governo do Estado. Todavia, há sim espaço para Alexandre Ayres crescer junto às intenções de voto. Mas, ele corre contra o tempo.

Para além disso, um outro fator também dificulta a vida de Ayres caso ele queira mesmo ser candidato ao Executivo estadual. Ninguém é candidato de si mesmo. Alexandre Ayres precisará de um grupo político que lhe dê sustentação para que ele encabece a chapa pela qual o atual governador Renan Filho disputará o Senado Federal.

O problema é que se Renan Filho for mesmo disputar o Senado Federal, ele terá que abrir mão de ser governador e não mais comandará a máquina pública. O emedebista terá que ser o articulador desse grupo político sem ter o governo nas mãos. Afinal, o Executivo será comandado por um governador “tampão” eleito pela Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas.

Nesse caso, entra em cena o articulador e presidente da Casa de Tavares Bastos, Marcelo Victor (Solidariedade).

Marcelo Victor tem um perfil puramente fisiológico. Atualmente, é um político dúbio e sem posicionamento definido. Pode marchar ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas) em um bloco de oposição a Renan Filho. Marcelo Victor pode também querer ser esse governador tampão e tentar usar do Executivo para construir sua própria candidatura ao governo estadual. São muitas as possibilidades que se abrem para o presidente do parlamento.

Nessa conjuntura, para garantir a condição de ser candidato ao governo, Marcelo Victor pode também tentar fechar acordo com Renan Filho, garantindo o apoio do Palácio República dos Palmares ao próprio governador na disputa pelo Senado Federal. Sendo assim, Alexandre Ayres fica sem espaços para uma candidatura, já que sua única via é o atual chefe do Executivo colocá-lo debaixo do braço.

O fato é que a candidatura de Ayres depende da posição de Renan Filho, que é – como já disse a deputada estadual Jó Pereira (MDB) – um “líder solitário”. Ou seja: o atual governador não tem sucessor porque não sabe construir lideranças, já que vive encastelado e ouve pouco, características próprias do calheirismo, onde – no dito popular – vale o venha a nós, mas ao vosso reino nada.

Sem expressividade para encarar as urnas (no atual cenário), com tantas reticências postas no xadrez político, ainda querendo se tornar conhecido por meio de um apelido de infância (Xambinho), com tantas dependências para a construção de um grupo e com tanta gente só esperando a posição de Renan Filho para construir seus caminhos (inclusive com a possibilidade de abandonar o governador caso ele dispute o Senado), Alexandre Ayres é apenas uma tímida pretensão que pode ou não virar realidade…

Para agora, diante das circunstâncias postas, Alexandre Ayres depende do poder de articulação do governador.

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