A partir do avanço do coronavírus nos últimos meses, foi percebida uma tendência diferente se comparado a outros períodos, com o chamado “rejuvenescimento da pandemia”. Especialistas indicam que alguns fatores podem estar associados a essa mudança, como a vacinação da população idosa, o descontrole da doença e o descuido com as medidas de proteção.

Os últimos boletins do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmaram um ritmo de crescimento entre pacientes mais jovens e, pela primeira vez, a mediana da idade de internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) esteve abaixo dos 60 anos, em Alagoas e no resto do país.

De acordo com o infectologista Fernando Maia, houve um aumento geral do número de casos de Covid-19 entre os jovens e aponta as possíveis causas. “Primeiro porque houve uma redução importante dos casos entre idosos já que esse grupo populacional está vacinado. Isso é uma repercussão importante, a diminuição nesse grupo e, consequentemente, o aumento no número de pessoas jovens”, esclarece.

Além disso, o médico afirma que uma outra razão para o crescimento pode estar relacionada às novas variantes do coronavírus. “Principalmente a P1, de Manaus, que tem se mostrado com maior capacidade de infectar pessoas jovens e de forma grave nesse grupo”, destaca.

Outro fator que também pode estar associado é o descuido com as medidas protetivas. “Depois de um ano e quase seis meses de pandemia está todo mundo cansado, muitos jovens estão relaxando. Primeiro, porque precisam sair para trabalhar ou para estudar e estão se expondo mais. Segundo que as pessoas estão descuidando muito do uso de máscara, do distanciamento social e da lavagem das mãos”, explica Fernando.

Segundo o especialista, esses três fatores associados têm se mostrado relevantes para o aumento das formas graves em pessoas jovens. E, dessa forma, considera que a medida mais adequada para frear esse ritmo de crescimento, além das medidas de controle gerais, é acelerar a vacinação.

“A vacinação é que vai conseguir bloquear para conseguir reduzir esses casos, frear a pandemia e finalmente voltar à nossa vida normal. Alguns países que conseguiram avançar mais na vacinação já começaram a voltar à normalidade. Começaram, por exemplo, a não exigir a necessidade de usar máscaras na rua e isso já é muito bom”, finaliza o infectologista.