Polêmica: prioridade a presos dentro do Plano Nacional de Imunização é criticada por deputados alagoanos

04/05/2021 11:06 - Política
Por Raíssa França e Vanessa Alencar
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A determinação do Ministério da Saúde – que está no Plano Nacional de Imunização –  para que presos sejam imunizados contra a covid-19 gerou polêmica e intenso debate entre os deputados estaduais na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) na manhã desta terça-feira (04). Ontem, o governador Renan Filho comentou que está seguindo o Plano. 

De acordo com o Ministério da Saúde, a população carcerária é um grupo vulnerável em uma situação de maior exposição à infecção e impacto da Covid-19. A pasta destaca que os detentos são mais suscetíveis a doenças infecto contagiosas. Com prisões em más condições e superlotadas, o local é potencial para surtos, o que poderia causar até mesmo um aumento no número de casos do lado de fora.

Durante a sessão de hoje, quem iniciou a discussão foi a deputada Jó Pereira. A parlamentar contou que recebeu ontem uma mensagem pelo Whatsapp de uma pessoa indignada com o início da vacinação dos presos em Alagoas. Ela explicou que a prioridade está definida no Plano Nacional de Imunização (PNI) e segue a lógica da ciência, já que essas pessoas estão aglomeradas em celas.

A parlamentar fez um paralelo, voltando a citar a aglomeração no transporte coletivo público, que circula “livre da fiscalização do Poder Público”: “Parece que eles não existem, que são pessoas imunes ao risco do contágio. Até quando veremos esse números diários, sem medidas do Poder Público? São todos culpados, todos omissos”.

Citando a indicação de sua autoria, aprovada na Casa, Jó frisou que é preciso priorizar a vacinação dos trabalhadores que diariamente transitam em ônibus lotados, pelo mesmo critério de quem está no Sistema Prisional: o risco de contágio devido à aglomeração.

Em aparte, o deputado Davi Maia destacou que ficou incomodado com a prioridade dada aos presos: “É verdade que eles estão no PNI, mas são o 17º na lista de prioridades. Ainda temos, antes deles, uma relação de pessoas que precisam ser vacinadas e não é justo com essas pessoas vacinar antes quem está no Sistema Prisional. Agora parece uma nova modalidade de fura-fila: se quiser ser vacinado é só cometer um crime e ir para o sistema carcerário”.

Cibele Moura também criticou o fato de os presos serem priorizados antes de diversas outras categorias de trabalhadores que não pararam durante a pandemia. 

“Preso ter prioridade acima de pessoas que trabalham honestamente todos os dias é para indignar todos os cidadãos de bem de Alagoas. Fico triste por quem realmente deveria ser prioridade, quem anda no transporte público, quem luta diariamente para colocar o pão na mesa da família... Isso é uma lógica perversa”.

Também em aparte, o deputado Francisco Tenório lembrou que, embora exista o PNI, o Estado pode indicar prioridades, “mas indicar os presos eu sou contra, até mesmo dentro do Plano. Primeiro porque eles podem ser contaminados por meio de visitas, mas estão reclusos... Quantas pessoas internadas em hospitais por necessidades outras e não cometeram crime nenhum não deviam estar na frente”, questionou.

Já o deputado Cabo Bebeto disse que “não existe priorizar presos em detrimento de pessoas de bem. “Escolher preso em detrimento de um cidadão de bem, seja ele qual for, mas para mim não é surpresa, porque o governo de Alagoas só faz o que quer e o governo prefere ajudar e passar a mão na cabeça de bandido do que ajudar trabalhador”.

O deputado Léo Loureiro voltou a chamar a atenção para a necessidade de priorizar a vacinação de pessoas com deficiência independente da idade, já que o novo coronavírus é cerca de cinco vezes mais letal nessas pessoas. Para o deputado, esse é um grupo que deve ter prioridade antes dos reeducandos.

Por fim, o deputado Ronaldo Medeiros disse que a culpa é do presidente Jair Bolsonaro que não comprou vacinas. “Se ele tivesse comprado as vacinas, não estaríamos debatendo essa questão de prioridades. A questão é que o presidente não reconhece de maneira nenhuma a ciência. Vamos ficar aqui solicitando as prioridades, mas não se tem vacina”.

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