Fase Vermelha: Fecomércio demonstra preocupação com desemprego e perdas na ordem de R$ 239 milhões

19/03/2021 15:52 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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De acordo com um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL), o novo decreto do governador Renan Filho (MDB), que colocou todo o território alagoano na fase vermelha, restringindo ainda mais o funcionamento do setor produtivo, pode chegar a causar um prejuízo de mais de R$ 239,2 milhões para o setor terciário.

O retorno à fase vermelha do plano de distanciamento controlado foi anunciado no dia 16 de março, mas passou a ser obrigatório na sexta-feira passada, dia 19. Ele altera as regras de funcionamento e fecha praticamente todo o setor produtivo durante os finais de semana. Inicialmente, o decreto valerá por 14 dias. Depois desse prazo, Renan Filho vai reavaliar os números da pandemia do novo coronavírus em Alagoas para tomar novas decisões.

Em nota divulgada, a Fecomércio de Alagoas frisa que “entende como necessário o esforço coletivo visando evitar o colapso no Sistema Público de Saúde, resguardando vidas, assim como considera importante a preservação das empresas essenciais para o equilíbrio socioeconômico do Estado, pois geram emprego e arrecadação aos cofres públicos, subsidiando ações nas mais diversas áreas, a exemplo da saúde”.

Todavia, a entidade coloca que, tendo como referência o faturamento diário do setor terciário no Estado (com base no Valor Adicionado Bruto, que é anualmente disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e os dados da Receita Federal do Brasil, Alagoas possuía em 2020, mais de 143 mil empresas ligadas ao setor do Comércio e Serviços, com um faturamento estimado de R$ 21,828 bilhões.

Esse número representa uma receita média diária de R$ 59,8 milhões. Em função disso, o faturamento potencial do setor de comércio e serviços tem girado – semanalmente – uma quantia de R$ 418,6 milhões. As novas restrições – conforme o comércio – causará uma queda percentual de receita estimada em -28,57%. O prejuízo por semana é de R$ 119,6 milhões.

“Se considerarmos que o período de validade do novo decreto englobará praticamente duas semanas, a queda do faturamento deve se aproximar de R$ 239,2 milhões; impacto relevante, principalmente quando se observa que esses setores já vêm de uma sequência de quedas: o setor de serviços teve uma retração de -16,1% entre janeiro de 2020 e de 2021, e o comércio registrou pico negativo de -18,4 no volume de vendas do varejo, em abril de 2020, conforme dados do IBGE”, coloca ainda a nota.

Desemprego

Outra preocupação da entidade Fecomércio é o desemprego. Alagoas tem a segunda maior taxa de desocupação do país. Em janeiro, conforme o IBGE, o Estado foi o que mais perdeu postos de trabalho, mesmo com o país tendo gerado mais de 260 mil empregos. A taxa de desemprego no Estado corresponde a 18,6%. É acima da média nacional, que fica próxima dos 13%.

“Por todo esse contexto, não há dúvidas de que os setores considerados não essenciais serão afetados economicamente, pois muitos estabelecimentos que retornaram ao funcionamento após a paralisação passada ainda sentem os reflexos em suas finanças, acumulando dívidas por empréstimos realizados para conseguirem se manter e voltarem às atividades. Assim, restrições mais severas sem contrapartidas proporcionais poderão comprometer a sobrevivência das empresas”, explica ainda a entidade por meio de nota.

Em razão desses dados, a Fecomércio – se posicionando contra o governador Renan Filho, ainda que defendendo algumas das medidas restritivas – apela pela reabertura do Comércio. “É importante para a superação desse momento com o mínimo de consequências negativas possíveis. E (a Fecomércio) volta a afirmar que a luta é coletiva. Autoridades públicas, empresários e consumidores precisam, cada um, fazer a sua parte no enfrentamento à pandemia. São muitas famílias envolvidas, muitos empregos, muitas vidas”, finaliza a nota.

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