Alagoas: um estado que sofre para gerar empregos na atual crise

18/03/2021 09:36 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
Image

Os dados divulgados recentemente pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram uma realidade preocupante para o Estado de Alagoas. É válido lembrar, ao olhar esses números referentes ao mês de janeiro, que Alagoas já possui a segunda maior taxa de desocupação do Brasil, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Em tempos normais, a situação de diversidade econômica no Estado, para a promoção de geração de emprego e renda por meio do empreendedorismo, já é de dificuldade imensa. Historicamente, atraímos pouco investimentos, dependemos imensamente de repasses federais, convênios, projetos que busquem financiamento, empréstimos etc.

Em que pese o crescimento do PIB alagoano nos últimos anos e o acerto do ajuste fiscal promovido pelo governo Renan Filho (MDB), por meio do secretário da Fazenda, George Santoro, isso não mudou o quadro de dependência. Praticamente dependemos da indústria do Turismo, do Comércio e de Serviços, como ressalta e prova os números apresentados pela ABIH e pela Fecomércio.

Não por acaso o atual presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Alagoas), Ricardo André Duarte Santos, cravou suas preocupações em relação ao novo decreto do governo estadual que, ao jogar o Estado na fase vermelha, impõe ainda mais restrições ao setor produtivo. Obviamente, diante do quadro que vivenciamentos – com a alta ocupação de leitos e o avanço do contágio – algumas medidas são necessárias.

O governo Renan Filho acerta em alguns pontos. Mas há exageros, como o toque de recolher.

Todavia, essa discussão não pode ganhar, mais uma vez, o tom da falsa dicotomia da Saúde versus a Economia, pois há outros problemas que podem ser gerado pelo caos social, com falência, desempregos etc. Tudo isso impacta também na saúde dos alagoanos. Restrições, evidentemente, devem haver. Medidas, obviamente devem ser adotadas.

Seria o caso escutar um pouco outros setores, como bem lembrou a deputada estadual Jó Pereira (MDB) que reclamou da dificuldade do governo estadual ouvir. Ricardo André Duarte, por exemplo, lembrou – com outras palavras – que, ultimamente, o setor produtivo que tem buscado adotar todos os protocolos sanitários têm pago pelo “pecador”. Outros ambientes que formam aglomeração não tiveram fiscalizações adequadas. Além disso, o transporte público foi um problema, ainda mais quando se reduz frotas e horários.

“A falta de fiscalização está causando o fechamento de setores onde todo o cuidado era mantido”, colocou Ricardo André Duarte. Há lógica no que ele coloca.

Essa preocupação precisa existir.

Em janeiro, por exemplo, o Brasil gerou – como salto entre postos perdidos e novos criados – 260 mil empregos formais no mercado. Porém, Alagoas ficou entre os estados que perderam postos de trabalho. Alagoas liderou a lista com -198. Os outros estados nesse quadro negativo são Paraíba (-174) e Rio de Janeiro (-44).

O resultado só não foi pior por conta do programa de manutenção de empregos do governo federal. O ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltou essa informação durante uma recente coletiva e classificou o programa adotado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como fundamental para garantir a proteção ao mercado formal de trabalho no ano passado.

Por essa razão, ele será reeditado nesse ano, em meio ao aumento de casos de Covid-19 e as novas medidas restritivas que estão sendo adotadas pelos governadores. A economia alagoana só não teve uma queda maior, e conseguiu se manter diante da crise, por dois fatores: o ajuste fiscal realizado localmente pelo secretário de Fazenda, George Santoro, (como já citado) e o programa de manutenção de empregos associado ao auxílio emergencial, que manteve o poder de compra, aquecendo o consumo.

A taxa de desemprego em Alagoas é de 19,8%. A média nacional é 13,5%. De acordo com a Fecomércio, o Estado perdeu 30 mil postos de trabalho no primeiro semestre de 2020. Pensar nisso, não perder isso do foco, mesmo diante da necessidade evidente do combate à pandemia, é justamente pensar nos mais vulneráveis, ainda mais quando – nesse momento – não há os suportes, pelo menos até agora, que existiram no ano passado.

OBS: houve um erro de digitação no título dessa postagem. Já foi corrigido. 

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..