Os casos confirmados de Covid-19 em Alagoas já somam 125.657, com 2.883 óbitos, sendo a maioria da população negra (soma de pretos e pardos segundo o IBGE). Os dados foram analisados e divulgados nessa terça-feira (16), pelo Informe Epidemiológico Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde (CIEVS-AL).

Ao CadaMinuto, a coordenadora do Instituto Raízes da África, Arísia Barros, enfatiza que a população negra está mais exposta e vulnerável ao vírus. “Em Alagoas os que estão expostos às vulnerabilidades das desigualdades sociais, a falta de acesso aos sistemas de saúde, moradia inadequada, os que precisam continuar trabalhando, apesar do isolamento da pandemia e usam transportes públicos lotados, sem atendimento aos protocolos sanitários, são pretos”, explica.

De acordo com os dados, dos casos confirmados no estado, 68% são pessoas negras. Com relação ao número de óbitos, o índice de negros chega a 71% das mortes. Na avaliação de Arísia, a falta de itens essenciais facilita a propagação do vírus na população negra.

“A maioria dos que moram em cubículos, casas sem esgotos ou o mais essencial, casebres sem água, nas grotas, são pretos”, colocou ela.

Segundo Arisia, a letalidade da Covid-19 em negros não é fruto do descaso político. “A política secular e genocida de extermínio  continua em curso, a partir da sustentação política das desigualdades sociais, que mata o povo preto”, diz.

A coordenadora colocou que a falta de políticas de estado prejudica a sobrevivência da população negra. “Alagoas não estabelece politicas públicas de estado para conter o racismo estrutural, que segue sua trilha de  e cria impossibilidade de sobrevivência. A Covid-19 é letal para pretos pois se encontra um terreno favorável, a precarização da vida”, finaliza.