Prefeito JHC, Zumbi não está morto , ou precisamos falar sobre Dandara,racismo estrutural e a gestão da Maceió negra.
No 20 de novembro, dia da consciência negra, que aconteceu bem no meio da campanha eleitoral para a prefeitura de Maceió,no ano pandêmico de 2020, o então candidato JHC fez uma fala bem significativa, ‘Se Zumbi vivesse hoje, provavelmente a luta dele seria numa grota’.
Discurso bonito, mas, eivado de contraditórios.
Primeiro , o 20 de novembro é feito cordão umbilical que faz jorrar o sangue-memória de ancestrais para veias contemporâneas d@s pret@s de luta.
Zumbi não está morto!
Nossa resistência preta é imorrível!
Aqualtune, Zumbi, Ganga Zumba, Dandara lá do alto da serra buchuda pariram histórias e enviam , continuadamente, mensagens pretas cifradas: não desistam.
Nossa luta é sobretudo, periférica, mas, vai bem mais além...
Nós pret@s ativista conquistamos , ao longo da história, políticas estratégicas e continuamos a fazer ocupação de espaços.
Adentramos pelas escolas, através da lei nº 10.639/03.
Lei antirracista federalizada, conquista marcante do movimento negro unificado, que como política pública de estado causa um silênciamento acentuado, é solenemente ignorada por chefes de executivos de estados e municípios brasileiros,( aqui em Alagoas temos a Lei Estadual n6.814/07).
Estamos ocupando espaços de poder. Na última eleição elegemos mais de 50 quilombolas, no Brasil todinho.
Ocupamos a Universidade, estamos nas ruas e desestruturamos o engenhoso urbanismo da exclusão , nomeamos logradouros públicos, assim como a Praça Dandara dos Palmares, no bairro da Jatiúca ( dito nobre), em Maceió,AL , que faz mais de 25 anos reverbera a memória da ancestralidade e da história de resistência das mulheres pretas.
Esse texto é para para falar da ideia esdrúxula de retirada do nome de Dandara da praça e colocar o nome da santa (no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa ) da revogação da proposta, ( não aprendemos com os acertos e sim com os erros).
Esse texto é para evidenciar como a exclusão, intolerância e racismo institucional e estrutural estão presentes e naturalizadas nas decisões politicas de estado.
É para falar sobre a gestão da Maceió negra, no teu projeto de governo da mudança.
Não há mais tempo de retroagir, prefeito JHC.
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