Mulher denuncia que filho adolescente sofreu racismo dentro de loja de shopping em Maceió

02/12/2020 21:25 - Maceió
Por Mara Santos*
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(Atualizada às 19h30, em 03/12, para incluir notas das empresas)

Mais um caso de racismo ocorrido em Maceió foi denunciado nesta quarta-feira (2) à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB/AL). Um adolescente foi destratado por um segurança de uma loja de departamento, que funciona dentro de um shopping de Maceió.

De acordo com a mãe do adolescente, Andreia Maria do Carmo, ela e os quatro filhos foram ao Parque Shopping, localizado no bairro Cruz das Almas. A família se dirigiu até a loja da C&A, onde as crianças iriam escolher roupas. Andreia conta que precisou sair com os filhos menores que são brancos e deixou o mais velho, que é negro, na loja.

O adolescente relatou para mãe que, enquanto estava sozinho, estava olhando algumas camisetas e colocou uma na frente do corpo para verificar o tamanho e a largura, quando um segurança da loja se aproximou, o destratou e mandou ele se retirar do local.

“O segurança se aproximou do meu filho e disse: ‘Deixe a camiseta aí e saia da loja’. Meu filho é negro, estava de boné e de chinelo. O segurança já foi abordando, agredindo ele com palavras e mandando ele se retirar. Ele não estava só e a gente ia comprar", relatou a mãe.

Ainda segundo Andreia, um outro filho dela viu a cena, tentou ajudar o irmão e foi avisá-la. Ela conta que ao chegar na loja, estava a maior confusão, o segurança chamando palavrões com o adolescente e expulsando a família do local.

Andreia diz que outros seguranças do shopping chegaram , retiraram a família do estabelecimento e nenhum responsável pela loja se prontificou a ouvir ou intervir. “Fomos colocados para fora do shopping, não fomos ouvidos. Fiquei desolada e não acreditava que aquilo estava acontecendo”, declarou.

O caso aconteceu em agosto deste ano. Andreia disse que procurou a delegacia e registrou Boletim de Ocorrência (B.O.) no dia seguinte, mas nada foi resolvido. Sem respostas, ela foi orientada por um amigo a procurar a Comissão de Direitos Humanos da OAB, que agora está acompanhando o caso.

Nesta quarta-feira (2), o vice-presidente da OAB/AL, Vagner Paes comentou uma postagem do professor e advogado Basile Christopoulos sobre o caso. Paes disse que a entidade está à frente e que providências serão cobradas.

Ao CadaMinuto, a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AL, Anne Caroline Fidelis, confirmou que está acompanhando o caso e dando suporte para a família. Ela ressaltou que racismo é crime e que a denúncia é importante para tirá-lo da “invisibilidade”.

“ É fundamental que todos os episódios de racismo e preconceito sejam denunciados, pois somente assim tiraremos  este crime da invisibilidade. A OAB, por meio de suas Comissões de Direitos Humanos e Igualdade social, coloca-se a disposição da sociedade nesta frente”, ressaltou a advogada.

Em nota, a C&A disse que não tolera e não compactua com qualquer tipo de discriminação e preconceito. A empresa também disse trabalhar constantemente para combater atitudes racistas. Em relação ao caso do adolescente, a loja disse que a experimentação de roupas estava suspensa devido à pandemia de Covid-19 e que o funcionário teria apenas informado o protocolo sanitário ao jovem.

Leia a nota na íntegra:

A C&A não tolera e não compactua com qualquer tipo de discriminação e preconceito e trabalha constantemente para combater atitudes neste sentido. Reforça que o respeito às pessoas e à diversidade faz parte dos seus valores e, por isso, realiza treinamentos periódicos com seus funcionários em linha com o seu compromisso com os clientes e a sociedade. Em relação ao ocorrido, a companhia esclarece que, devido a pandemia da Covid-19, a experimentação de roupas na loja estava suspensa por determinação dos órgãos de saúde. Por isso, ao verificar que o cliente estava provando uma camiseta, o funcionário o informou sobre o protocolo sanitário. Lamentamos se tal situação tenha causado algum desconforto, mas reforçamos que como trata-se de um protocolo de saúde, a experimentação de peças pelos clientes estava proibida na loja. A empresa segue à disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários."

O Parque Shopping também afirmou que repudia qualquer forma de racismo e ato discriminatório. O shopping também rebate a afirmação de que a família foi colocada para fora do estabelecimento e disse foi dado o suporte necessário. Além disso, segundo a assessoria do local, a família registrou a ocorrência contra uma lojas do empreendimento e foi recebida pelo Serviço de Atendimento do Consumidor.

Confira a nota do Parque Shopping:

“O Parque Shopping repudia qualquer forma de racismo ou ato discriminatório. Na ocasião, em agosto, a família foi recebida no Serviço de Atendimento ao Consumidor onde recebeu suporte e registrou a ocorrência contra uma das lojas do empreendimento. Estamos acompanhando os desdobramentos das investigações e seguimos à disposição das autoridades para colaborar com a apuração dos fatos.”

 

*Sob supervisão da editoria

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