Números do Ibrape mostram eleição “em aberto” na reta final, em Maceió; indecisos farão a diferença

06/11/2020 09:32 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Pelos números apresentados pelo Ibrape Pesquisas (registrada na Justiça Eleitoral), na manhã de hoje, dia 06, aqui no CadaMinuto, a disputa pela Prefeitura de Maceió segue em aberto na reta final e com uma briga acirrada entre os três primeiros colocados. 

Levando em consideração o levantamento desse Instituto, feito entre os dias 2 e 3 de novembro, a única certeza é da existência do segundo turno, o que já era esperado desde as primeiras pesquisas. 

Todavia, a novidade, é a consolidação do crescimento do candidato Davi Davino Filho (Progressistas), que surge em empate técnico com os outros dois melhores colocados: Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) e João Henrique Caldas, o JHC (PSB). 

Conforme já divulgado pelo CadaMinuto, Alfredo Gaspar de Mendonça surge com 26% das intenções de voto. Davi Davino – que antes aparecia na terceira posição – ficou em segundo lugar, com 24% do eleitorado ouvido. Enquanto isso, JHC – que era o líder das pesquisas no início do período eleitoral – é o terceiro com 23%. 

Os números do Ibrape apontam ainda que a candidatura de Cícero Almeida (Democracia Cristã) naufragou. Almeida que chegou a pontuar com dois dígitos, agora tem 4% e passa a estar tecnicamente empatado com Josan Leite, que tem 2%. Os demais candidatos – Lenilda Luna (UP), Ricardo Barbosa (PT), Valéria Correia (PSOL) e Corintho Campelo (PMN) – simplesmente não pontuaram. 

O cenário mostrado pelo Ibrape revela uma eleição disputada não apenas por conta do empate no topo da tabela, mas também pela imensa quantidade de indecisos: 15%. É um número alto levando em consideração que as eleições já ocorrem no próximo dia 15 de novembro. Não estamos aqui valando dos votos brancos e nulos, que somam 4%. Estamos falando de indecisos. Ou seja: pessoas que ainda avaliam a possibilidade de votar em alguém. 

Se o Ibrape estiver correto, os votos alcançados por Alfredo Gaspar, Davi Davino e JHC já devem estar consolidados e não haverá muita mudança no perfil dos eleitores que os acompanham, pois – a essa altura do campeonato – os três, assim como os demais, já conseguiram passar as suas ideias, propostas e críticas aos adversários. 

A corrida agora é para conquistar a maior fatia possível entre os indecisos em uma eleição que, conforme a tendência em função da pandemia do novo coronavírus, deve ter uma alta taxa de abstenção. 

Em outras palavras, pelos números do Ibrape, os indecisos devem definir qual será o próximo prefeito de Maceió. 

É possível ainda especular sobre os números da indecisão e as diferenças “apertadas” entre os líderes. Muitos podem ser os motivos. Porém, defendo a tese – que já expus aqui nesse blog antes dos números dessa pesquisa – de que, no topo da tabela, os candidatos com maior expressão possuem poucas diferenças entre si para apresentar aos eleitores. Portanto, chegando ali ao teto de suas intenções de voto. O que entra em cena agora é a análise particular de cada eleitor na busca pelo que considera “menos pior” (sei que a expressão é errada e por isso as aspas). 

Afinal, todos os candidatos já transitaram nos mesmos grupos políticos de alguma forma. Dois deles – Davi Davino Filho e JHC – carregam o “filhotismo” tradicional de Alagoas e possuem como apoio políticos já desgastados e experimentados. 

Davi Davino traz consigo – por exemplo – parte da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas e o deputado federal Arthur Lira (Progressistas), o líder do Centrão. O partido dele já foi a principal base de apoio do prefeito Rui Palmeira (sem partido), que agora apoia Alfredo Gaspar de Mendonça. João Henrique Caldas tenta esconder – como sempre – o pai e ex-deputado federal João Caldas, que é sempre alvo de seus adversários e está dentro de uma conjuntura que coloca ao seu lado o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT). JHC ainda tenta evitar a posição anti-bolsonarista que definiu sua aliança com Lessa. 

Já Alfredo Gaspar perdeu o discurso da mudança, uma vez que se tornou o candidato da situação. Se antes era tido como uma novidade diante das forças políticas do Estado, hoje carrega o ônus e o bônus de ter o apoio não só da Prefeitura Municipal de Rui Palmeira, mas também dos Calheiros – o senador Renan pai e o governador Renan Filho – inclusive tendo se filiado ao MDB. 

O trio do topo da tabela, portanto, transita entre o mais do mesmo. Cícero Almeida – que há muito vem sofrendo derrotas políticas fortes, incluindo não ter conseguido se eleger sequer deputado estadual – sofre sem estrutura de campanha, sem recursos para crescer no pleito, além de ter uma das mais altas rejeições, conforme a pesquisa. É uma eleição praticamente impossível para Almeida, que ainda conseguiu se meter em polêmicas desgastantes com o próprio partido: o Democracia Cristã.

No mais, não dá para esperar nada de novo da parte de baixo da tabela. Por lá, a esquerda caricata que nunca teve histórico de boas votações em Alagoas. E isso inclui o petista Ricardo Barbosa que apesar de ser um nome conhecido na política local só conseguiu ser vereador por Maceió quando puxado por Heloísa Helena (Rede), quando ambos estiveram juntos no PSOL. Barbosa teve na época uma votação pífia. Os demais – é possível aposta – vão na mesma linha. 

Josan Leite (Patriotas) apostou todas as fichas na ligação entre sua imagem e a do presidente Jair Bolsonaro, que acabou se afastando das eleições municipais. A presença de Bolsonaro, caso o presidente tivesse abraçado o candidato, poderia ter feito alguma diferença. Sem isso, com pouco tempo de televisão e sem recursos, Leite não tem conseguido passar sua mensagem ao eleitor, apesar de – segundo a pesquisa – ter crescido na reta final, pois ele estava atrás das esquerdas mais caricatas. 

Complicou ainda mais a vida de Leite a ausência de uma assinatura própria e o fato de Bolsonaro ser, atualmente, uma pessoa com fortes ligações políticas com o deputado federal Arthur Lira. 

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