Áudio mostra que Almeida cogitou desistência: “se é pra passar vergonha, tem que sair do corredor de fogo e vida que segue"

27/10/2020 11:27 - Blog do Vilar
Por Lula Vilar
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Na tarde de ontem, conversei com o ex-dirigente do Democracia Cristã, Marx Palmeira, sobre as declarações mais recentes (e polêmicas) do candidato a prefeito do partido, Cícero Almeida. 

Almeida acusou a cúpula do Democracia Cristã em Alagoas de ter tentado negociar a desistência de sua candidatura, sem a concordância dele, com o também postulante ao cargo majoritário, João Henrique Caldas, o JHC (PSB). 

Cícero Almeida – em uma sabatina promovida pelo Movimento Brasil (MBR) – afirmou que JHC ofereceu duas secretarias ao partido, em um possível futuro governo, para Almeida desistir da candidatura. O postulante do Democracia Cristã seguiu candidato. 

Cícero Almeida disse ainda que se alguém dissesse que ele estaria mentindo, mostraria as provas do que fala. Bem, Marx Palmeira – em conversa comigo – foi enfático: “Não existiu, em momento algum, nenhuma negociação com JHC, muito menos pressão para que ele desistisse”. Além de afirmar que o candidato do Democracia Cristã não fala a verdade, Palmeira afirma que o próprio Almeida cogitou a desistência diante da falta de apoio até mesmo do PTB.

Em outras palavras, Palmeira diz que Almeida mentiu. O ex-dirigente, que deixou a sigla por conta das confusões, coloca que o partido já “vinha cobrando dele (Almeida) o início da campanha que não tinha ido à rua por falta de estrutura”. 

Palmeira conta que conversou com Almeida sobre a possibilidade de desistência no dia 30 de setembro. 

“A campanha dele estava desidratando por falta de rua. Já era dia 30 e não existia estrutura. No dia 1º de outubro, tivemos uma reunião com o PTB para ver repasse de fundo, para poder iniciar já tardiamente a campanha. Eu tenho o áudio da minha conversa com ele na quarta-feira à noite, dia 30 de setembro, onde ele já demonstrar que se fosse para passar vergonha, desistiria”. 

O áudio citado por Marx Palmeira foi passado ao blog e – na gravação – Almeida ressalta dá a entender, de fato, que se não há estrutura, o melhor caminho seria a desistência. É válido frisar que a interpretação do áudio se faz fora do contexto da conversa. Porém, Cícero Almeida fala que se for para passar vergonha é melhor “sair do corredor de fogo”.

“Como não veio repasse de fundo para fundo (do PTB para o Democracia Cristã), nem havia recurso, havíamos acertado a desistência. Quando eu enviei a carta para ele (Para Almeida), ele pegou essa carta e saiu me acusando de ter forçado ele a desistir. Ele disse isso nos meios de comunicação, que foi amplamente divulgado pela imprensa. Eu me mantive calado. Eu sai do partido e não queria meu nome metido nisso. Ele fala, conforme sua matéria, que JHC foi ao Norcon, mas JHC tem sala lá no prédio, por coincidência, no mesmo andar que funcionava a sede do Democracia Cristã. Inclusive, em meados de setembro, JHC até fez uma visita lá (no partido) juntamente com o pai, João Caldas, e Almeida estava a sala do partido e ficou claro que nunca existiu problemas entre eles”, afirma Marx Palmeira. 

Marx Palmeira acusa Almeida de mentir. “Acho até interessante que você tenha esse áudio e que o povo de Maceió saiba a verdade dos fatos para ele não ficar tentando enganar a opinião pública e a imprensa. Onde eu forcei esse homem a desistir? Onde ele foi pressionado? Responda-me?”. De fato, pelo áudio apresentado por Marx Palmeira, não há pressão alguma e Almeida parece concordar que sem estrutura, não há como ter candidatura na rua. 

 O áudio

No áudio, Almeida comenta das dificuldades da campanha. “Eu estou atento a isso (o que, segundo Max Palmeira é a possibilidade de desistência). Tenho a mesma visão que você. Não tenho a menor dúvida, entendeu? Isso que a gente tem que entender na conversa que a gente vai ter amanhã, se é que vai ter. Mas o que eu tenho sentido, e o que a gente tem ouvido na rua é que na rejeição estão eles, com certeza. O único que está parcialmente sem rejeição é o JHC (...) Quem mais tende a perder somos nós. E aí, não culpa minha, não é culpa sua”, frisa Almeida. 

Ainda no áudio, Almeida diz que entrou em um “barco e infelizmente aconteceu o contrário do que a gente esperava. Então, velho, é chegar amanhã e abrir o jogo: se nada der, se nada dá, a gente para porque ninguém vai dar uma de louco, entendeu? Se expor, arriscar até a própria vida, entendeu? Ninguém vai jogar o que tem na rua, o pouco que tem, o que conquistou na vida, entendeu? A gente vai com o básico para não passar vergonha. Se sentir que é para passar vergonha, tem que sair do corredor de fogo e vida que segue. Eu tenho a mesma visão”.

Almeida ainda teria falado de uma reunião que ocorreria com o deputado estadual Antônio Albuquerque (PTB) para cobrar o compromisso do partido aliado e sobre isso teria afirmado: “Um cara acostumado a ganhar eleição (Albuquerque)? Que é isso? Ou (ele) tá ou num tá. A gente vai tirar a prova dos nove amanhã, né”. A referência – ainda segundo apurado- é sobre uma cobrança de recursos que o PTB iria transferir para o Democracia Cristã. 

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